Linha do Telégrafo Elétrico – 1865

O telégrafo elétrico foi um sistema de comunicação desenvolvido antes do telefone, com o objetivo de transmitir mensagens de forma confiável e segura de um ponto a outro através de grandes distâncias. Foi muito utilizado pelos governos e corporações militares para transmitir mensagens por meio de uso de códigos e nenhuma outra mensagem poderia ser transmitida pelo mesmo fio antes que a primeira tivesse chegado ao seu destino. O código Morse, criado por Samuel Morse, era amplamente utilizado nos telégrafos.

A primeira linha no Brasil foi instalada em 1852 e em menos de vinte anos expandiu a rede para todo o país, com 182 estações e Bertioga era uma delas. Foi uma das maiores ações do Governo de Dom Pedro II.
Essas linhas do telégrafo no Brasil tinham por interesse fazer chegar de forma mais rápida as ordens para a repressão ao tráfico de escravos.
Com a Guerra do Paraguai, o maior conflito armado já ocorrido na América do Sul, entre 1864 e 1870, o Império tornou urgente a instalação do sistema até o sul do país.

Em 1865 foi instalada a linha do telégrafo nacional passando por Bertioga, mas o Posto do Telégrafo de Bertioga somente foi criado em 1907, no Forte São João.

O serviço foi executado pelo próprio Governo Imperial. O responsável pelos trabalhos era o físico Guilherme Schüch de Capanema, Diretor da Repartição Geral dos Telégrafos, mas há relatos que a execução da instalação do trecho de Bertioga foi cedida a terceiros.

A instalação da linha do telégrafo, entre o Rio de Janeiro e Porto Alegre foi delegada a duas turmas de trabalhadores. Nas adjacências de São Vicente, os caminhos por onde passavam a linha estavam praticamente abertos, sendo o serviço executado por 5 ou 6 pessoas, entre os quais os cortadores de paus para os postes. Mas quando os trabalhos chegaram em Bertioga, a dificuldade logo se fez presente. Os encarregados advertiam que precisavam de mais homens no trabalho. Tinha muito matagal em Bertioga, grandes árvores centenárias que precisavam ser cortadas, ou delas desviada a linha do telégrafo. O maior trabalho, entretanto, eram nos mangais (manguezal) que precisavam ser atravessados. E os relatos históricos também demonstram que não existia madeira adequada nos mangues para servir de postes para a linha do telégrafo, os quais precisam vir de terrenos mais distantes. Tinham animais peçonhentos, mosquitos, doenças e as condições climáticas de intensa umidade eram desafiadoras. Os moradores ajudavam emprestando animas de tração, assim como os governos municipais e provinciais. E a urgência provocada pela Guerra do Paraguai fez com que a linha fosse concluída já no ano seguinte ao início de sua instalação, em 1866.

Em 1868, com os postes já instalados, relatórios reclamavam da péssima qualidade do serviço, especialmente pela qualidade ruim de madeira empregada no posteamento, o que provocava constantes interrupções e serviços de manutenção por causa de quedas de galhos ou árvores. Também houve um defeito nos cabos subaquáticos usados para atravessar rios e baias, o que exigiu que quase todos fossem substituídos.

Posteriormente, em 1872, por ordem de sua majestade, Dom Pedro II, é autorizada por decreto a exploração do serviço pelo Barão de Mauá (Visconde de Mauá), inclusive para ligar o Brasil até Portugal com um cabo cruzando o oceano Atlântico, serviço concluído em 1874.

Essa linha primitiva que passava por Bertioga foi instalada totalmente dentro da mata, passando por manguezais e desviando da comunidade que habitava o entorno do Forte São João.

Em 1899, em uma das obras de recuperação do sistema, com substituição de postes e fiação, foi autorizada a alteração do traçado da linha do telégrafo. Oscar Kurtz, Inspetor de 2ª Classe, e Joaquim dos Passos Souza, Feitor, estavam encarregados da construção da nova linha de Bertioga.

Em 1900 foi autorizado o uso do terrapleno do Forte São João para se obter a altura suficiente do ponto de apoio para que a linha do telégrafo passasse da Ilha de Santo Amaro para Bertioga, cruzando o canal.

Euclides da Cunha descreveu que a linha do telégrafo no Forte São João deve ter sido a única razão da fortificação quinhentista não ter sido abandonada definitivamente pelo Governo Federal.

A telegrafia “sem fio” foi inventada por Guglielmo Marconi, em 1896, a partir de estudos de Nikola Tesla e teorias de James Clerk Maxwell e Heinrich Hertz.

 

No Brasil, a telegrafia “sem fio” foi implantada entre 1902 e 1924. Em Bertioga esse sistema chegou na década de 1920.