História de Bertioga parte 3

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Ambulatório da Sociedade Amigos de Bertioga - 1938

Antes da instalação do ambulatório da Cruz Vermelha, em 1939, a Sociedade Amigos de Bertioga tomou a iniciativa de manter um posto de atendimento médico em uma casa localizada próxima ao Forte São João. Foi notícia no Jornal “O Estado de São Paulo”, no dia 04 de janeiro de 1938, a reunião promovida no dia anterior pela Sociedade Amigos de Bertioga que inaugurava os serviços de assistência social e de culto aos monumentos históricos daquela praia e arredores.

Segundo Poliantéia de Bertioga, o ambulatório da Sociedade Amigos de Bertioga foi instalado na casa que pertencia a Gabriel Fernandes Garcez, construída em 1871, por seu sogro. A casa foi cedida por Gabriel Fernandes Garcez para que ali fosse instalado provisoriamente um “Posto Médico Farmacêutico e Ambulatório do Estado”.

Foi o Dr. Othon Feliciano da Silva o responsável pelo atendimento médico de 33 moradores, entre crianças e adultos, identificando a malária como principal doença. O Dr. Othon Feliciano realizava atendimentos semanais e há registros que desde 1937, um ano antes da inauguração oficial, já fazia atendimentos no local.

Othon Feliciano da Silva, nascido em 1888, em Paraibuna, consagrado médico sanitarista, um dos fundadores da “Gota de Leite”, foi seu presidente, além de Chefe do Centro de Saúde de Santos por muitos anos. Sempre esteve à frente de campanhas voltadas a distribuição de leites às crianças, serviços de ambulatório e serviços hospitalares.

No dia da inauguração, 03 de janeiro de 1938, a diretoria da entidade e as autoridades de Santos colocaram à disposição dos seus convidados lanchas especiais e um rebocador. Partiram do Armazém, em frente ao prédio da Alfândega, em Santos, às oito horas da manhã, em direção à Bertioga.

Entre as pessoas presentes figuravam Dom Paulo de Tarso Campos (bispo de Santos), Dr. João Silva Almeida (inspetor da Alfândega), Henrique Soler (guarda-mor) e Pollux de Barros Fontes (ajudante de guarda-mor), Julio Cesar de Toledo Muirat (subinspetor da Polícia Marítima), o Professor Delphino Stockler de Lima (inspetor do ensino municipal e que estava ali representando oficialmente o Prefeito de Santos).

Foi celebrada uma missa campal por Dom Paulo de Tarso Campos ao lado do Forte São João. Grande número de moradores do local e de romeiros vindos de São Paulo, Santos e Cubatão assistiram ao ato religioso. Colaboraram na cerimônia o padre Alfredo Sampaio e no coral o padre Carneiro Leão.

Em seguida, foi realizada uma sessão cívica explicando a história do Forte São João. Estavam presentes a viúva de Vicente de Carvalho (Ermelinda Ferreira de Mesquita) e Gabriel Fernandes Garcez (com 91 anos, era o morador mais antigo da cidade).

Durante a reunião, falou o médico Francisco Quartim Barbosa, presidente da Sociedade Amigos de Bertioga, referindo-se a ampla significação do ato e apelando para as autoridades presentes, pedindo-lhes colaboração para colocar em prática os objetivos da entidade.

Na sequência, falou o Dr. José D’Avila, vice-presidente da associação, que se referiu a história da linda praia paulista, história que toda se desenvolveu em torno dos seus fortes, construídos nos primórdios dos tempos coloniais para repelir os ataques dos Tamoios e Tupinambás.

Por último, discursou o bispo de Santos, que louvou a obra da Sociedade Amigos de Bertioga.

A todos foi oferecido um almoço na vivenda de Bertha e Germano Besser (Pensão Bertioga), além de vários passeios pelos recantos locais. A banda musical de Cubatão esteve presente na solenidade.

Segundo Fernando Martins Lichti, em “Poliantéia de Bertioga”, o Dr. Othon Feliciano está à esquerda da imagem com o grupo de pacientes atendidos na inauguração do ambulatório, na casa de Gabriel Fernandes Garcez, em 1937. Porém, ousamos apenas fazer uma correção: o Dr. Othon Feliciano está à direita da imagem, é o mais alto de chapéu. O Dr. Othon Feliciano é um dos maiores médicos da história de Santos e se aposentou em 1959.

Dr. Othon Feliciano da Silva. Foto da Revista Estrela Azul, em publicação do ano de 1945.

Lido Hotel - 1938

O primeiro empreendimento hoteleiro de Bertioga foi o “Lido Hotel, construído em 1938 e inaugurado em janeiro de 1940, de propriedade de Raphael Costábile, conforme entrevista por ele concedida ao Jornal Folha de São Paulo, no ano de 1946.

Segundo a Poliantéia Santista era um grande hotel, amplo, moderno, confortável, dotado de frigorífico, transporte, usina geradora de energia elétrica, cozinha de primeira ordem, restaurante e jardins. Era reconhecido pela sua qualidade e requinte. A cozinha era francesa e não faltava a música clássica. Funcionou por mais de trinta anos e o seu principal administrador foi o filho de Raphael Costábile, Henrique Costábile.

O “Lido Hotel” realizou diversos anúncios no Jornal Folha de São Paulo, atraindo público de excursionistas e visitantes nas lindas e selvagens paisagens locais. Um dos primeiros a se hospedar no Lido Hotel foi o “Touring Clube do Brasil”, nos dias 08 e 09 de junho de 1940.

 

Anúncio do Lido Hotel, no Jornal Folha de São Paulo, em 10/06/1944

Frente do Lido Hotel. Cleonice e Família Souza – 1942. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.

Lido Hotel. Imagem do pórtico e dos jardins da entrada. A praia ao fundo. Família Souza – 1945. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
Lido Hotel. Cleonice e Olga – 1942. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
Varanda do Lido Hotel. Cleonice e Velloso – 1942. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
ido Hotel e hóspedes na frente, admirando a praia. Década de 1940.

Sociedade Urbanística Bertioga e Praias Paulistas - 1938

A “Sociedade Urbanística Bertioga” foi fundada em 12 de janeiro de 1938, tendo como sócios Alberto Hugo de Oliveira Caldas, José Ermírio de Moraes, Francisco Quartim Barbosa, Octácilio de Oliveira e outros.

A “Praias Paulistas” foi fundada em 29 de outubro de 1946, tendo na época como sócios Alberto Hugo de Oliveira Caldas, Névio Marçal de Oliveira Caldas, João Baptista de Mello Peixoto, Oswaldo Quartim Barbosa, Arthur Alves de Souza Brasil, entre outros.

Essas empresas, ao adquirirem grandes parcelas do território de Bertioga, por escritura pública, nas décadas de 1930 e 1940, foram responsáveis por garantir o ordenamento territorial do solo urbano. Os empreendimentos desenvolvidos por elas garantiram respeito às normas urbanísticas da época, resultando em uso, parcelamento e ocupação do solo adequados ao planejamento municipal.

A “Pensão Holandesa” (Hotel 27) – 1939

A Praia da Enseada e parte da frente da “Pensão Holandesa” – final da década de 1940

João Scardini foi proprietário por quase trinta anos de uma barbearia na Rua Aurora, no Centro de São Paulo, nas décadas de 1910, 1920 e 1930. A barbearia também vendia cosméticos e perfumes. Era uma barbearia elegante. No exato ano de 1927 ainda eram publicados anúncios da “João Scardini Barbearia”. Como afirma “Poliantéia de Bertioga”, Elza Scardini, esposa, e João Scardini, vieram para Bertioga entre as décadas de 1930 e 1940.

O jornalista Joel de Aquino esteve em Bertioga em 1937 e registrou literalmente a existência de duas pensões: a de Elias Nehme (Pensão Paulista) e a de Bertha e Germano Besser (Pensão Bertioga). Nada disse sobre a “Pensão Holandesa”.

Foi com esse nome, que provavelmente no ano de 1939, Elza e João Scardini inauguram sua “Pensão Holandesa”, na Barra Nova, em frente à Praia da Enseada de Bertioga. Esse estabelecimento comercial contava com uma icônica estrutura bem na sua entrada, semelhante a um moinho holandês.

Na década de 1950 o casal Scardini vende a “Pensão Holandesa”.

Passa a contar com 18 apartamentos. É nessa época que surgem novos nomes: primeiro “27 A Holandeza” e depois “Pensão Praiana 27”.

O número 27 não se refere a data de fundação do estabelecimento e nem tem qualquer relação com o casal Scardini. Existe a hipótese de ser um simples número afetivo dos proprietários que sucederam os fundadores. Mas também é possível que fosse um número primitivo de identificação do estabelecimento comercial no cadastro imobiliário da Prefeitura de Santos, pois encontramos publicação do ano de 1980 indicando que o hotel estava localizado na Avenida Tomé de Souza, nº 27, sendo que atualmente o número é 859.

Em 1966, já com novo proprietário, recebe o nome de “Hotel Marazul 27” e uma grande reforma.

Em 1975, o hotel é novamente vendido e ganha um número muito maior de apartamentos, chegando a 100 unidades, além de ampla área de recreação.

Em 2004 passa a ser denominado de “27 Praia Hotel”.

Pensão A Holandesa – 1951. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
Pensão A Holandesa – 1951. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
Pensão A Holandesa – 1951. Foto publicada em “Mapas Fotográficos:

Ambulatório da Cruz Vermelha – 1939

Correio Paulistano – inauguração em 12/08/1939

No dia 12 de agosto de 1939, um sábado, foi inaugurado em Bertioga um posto médico (ambulatório), noticiou o “Correio Paulistano”. O atendimento médico e demais serviços emergenciais de saúde foram assumidos em parceria com a Cruz Vermelha (filial Santos).

O prédio da Cruz Vermelha em Bertioga estava localizado em um imóvel alugado de Norberto Luiz, situado na esquina da Avenida Vicente de Carvalho com a Rua Irmãos Braga.

Era um momento histórico para a cidade.

A legendária praia de Bertioga vivia um de seus grandes dias, com a solenidade de inauguração de um posto médico, por iniciativa da benemérita sociedade da Cruz Vermelha de Santos, ato este que se revestiu de brilho. Contando com a presença de altas autoridades de Santos e enorme afluência de pessoas de destaque social.

As dez horas da manhã, em lanchas da capitania do Porto e da Base Aérea Naval aportaram na Vila de Bertioga Cyro de Athayde Carneiro (Prefeito de Santos), Aguinaldo de Góes (Delegado Regional), Comandante Castro Lima (da Base Aérea Naval), Comandante Murat (Inspector da Policia  Marítima), Paulo M Carvalho e Armando Lichti (diretores da Cruz Vermelha), Professor Delphino Stockler de Lima (Diretor do Ensino Municipal), Albertina de Lima (Presidente da Liga das Damas de Caridade) Adelina de Campos e Francisco Quartim Barbosa (Liga Contra Tuberculose), além de Alberto Caldas, Antônio Candido Pereira da Victor Delamare, Alberto Moura Costa, Francisco Paino, Eduardo Ribeiro, Lobo Vianna e outras autoridades.

Após o desembarque, algumas pessoas presentes manifestaram a vontade de conhecer as ruínas do antigo Forte São João e da Ermida de Santo Antônio do Guaíbe, obras centenárias, que estavam desaparecendo, invadidas pelo mato. Para ali se dirigiu a comitiva chefiada pelo Prefeito de Santos.

Todos os excursionistas manifestaram grande admiração pelo que lhes foi dado observar, ouvindo verdadeiramente comovidos, a palavra do Major Murat, grande estudioso das coisas antigas, que descreveu, com perfeito conhecimento, aquelas obras majestosas, ameaçadas de um desaparecimento definitivo.

Em seguida, dirigiu-se a comitiva para a escola municipal de Bertioga, que funcionava, a título precário, na sede da Colônia de Pescadores. Embora o Prefeito de Santos Cyro de Athayde Carneiro já tenha autorizado a construção de um edifício novo, mandou que a sala de aula fosse, até a conclusão do futuro prédio, transferida para uma sala no ambulatório da Cruz Vermelha, dando,  maior conforto aos alunos e professores. Foi assim de 1939 até 1942, quando então foi inaugurada a nova escola.

Cyro de Athayde Carneiro (Prefeito de Santos, de 1938 a 1941) – Jornal A Tribuna de Santos

Conhecendo, de perto, as necessidades dos moradores de Bertioga, disse Cyro de Athayde Carneiro que os principais problemas para o desenvolvimento daquela zona, há muito, eram objeto de suas cogitações. Assim, com satisfação, inaugurou o ponto de assistência médica.

Instalado em prédio confortável, dispondo de boa sala de espera e de duas salas para curativos, perfeitamente aparelhadas e em condição de atender a pequenas intervenções cirúrgicas, ali residia um enfermeiro, e uma vez por semana, havia consulta médica, dada por um voluntário de Santos.

Na Pensão Paulista, Elias Nehme ofereceu almoço aos visitantes que compareceram à solenidade de inauguração do ambulatório da Cruz Vermelha.

Nessa ocasião, usou da palavra, em nome dos moradores, o médico Francisco Quartim Barbosa, Presidente da Sociedade Amigos de Bertioga, que agradeceu a presença do Prefeito Cyro de Athayde Carneiro e das altas autoridades aquele ato. Encerrada a cerimônia, a comitiva regressou a Santos.

Segundo relatório publicado em 1945 na Revista Médico-Social, no ano anterior o ambulatório de Bertioga atendeu 1.875 enfermos e prescreveu 10.570 medicamentos.

Estrada Guarujá/Bertioga – 1940

No dia 25 de janeiro de 1940 foi inaugurada a estrada Guarujá/Bertioga. Na época, deram o nome de estrada “Cachoeira-Bertioga”. O responsável pela execução do trecho compreendido entre a Barra de Bertioga e a comunidade da Cachoeira, de oito quilômetros, foi o empresário José Ermírio de Moraes, com os recursos pessoais. Já o trecho que liga a comunidade da Cachoeira até o Perequê ficou sob a responsabilidade da Prefeitura do Guarujá.

Não era uma estrada pavimentada, mas quando foi entregue estava em boas condições de trafegabilidade.

No dia da inauguração, partiu uma comitiva do Guarujá até a comunidade da Cachoeira, onde as crianças da escola rural ali existente cantaram o Hino Nacional. Em seguida, foram para a Barra de Bertioga e atravessaram o Canal através de embarcações que já lhes aguardavam com os respectivos condutores.

Foi oferecido pela Sociedade Urbanística Bertioga um almoço, realizado no Hotel Lido, de Rafael Costábile, exclusivo aos visitantes. O Governador Adhemar de Barros e José Ermírio de Moraes não estavam presentes, mas mandaram representantes, que foram saudados pelos que prestigiaram o evento.

Ao final da tarde, todos retornaram ao Guarujá, elogiando a agradável excursão que foi percorrer a estrada de carro até chegar em Bertioga e atravessar de barco. O acesso tinha ficado muito mais fácil e continuava encantador.

O acesso à Bertioga somente era possível através de embarcações. Não havia nenhum acesso por via terrestre. Até o caminhão Chevrolet de João Sabino Abdalla, em 1929, precisou vir de Santos, através de jangada pelo Canal de Bertioga.

A primeira alternativa terrestre surge por iniciativa do empresário José Ermírio de Moraes. Ele comprou em 1923 a propriedade que foi de Vicente de Carvalho, no Indaiá e realizando investimentos imobiliários já a partir da década de 1930. Assim, por investimentos pessoais de José Ermírio de Moraes e pela influência política, conseguiu a abertura da estrada que liga o Perequê, no Guarujá, até o extremo da ilha, na divisa com Bertioga. A estrada atravessa a chamada Serra do Guararu, local de difícil acesso e quando chovia a estrada ficava intransitável e perigosa, o que não é diferente atualmente.

Na década de 1940 passou a ser conservada pela Prefeitura do Guarujá e na década de 1950 passou a ser conservada pelo Departamento de Estrada de Rodagem do Estado (DER).

A estrada foi aberta em 1940, mas somente foi asfaltada em 1959. Melhorias conquistadas pelo esforço do Prefeito de Santos, Antonio Feliciano da Silva, pelo Subprefeito de Bertioga, Silvio Rodrigues, por José Ermírio de Moraes e pelo Deputado Federal Brasilio Machado Neto. Segundo a Universidade de São Paulo – USP, diversos “sambaquis” foram destruídos com a abertura da estrada, por simples desconhecimento do patrimônio arqueológico.

Ônibus – Linha da Viação Guarujá – Roteiro Estrada Guarujá/Bertioga – novos ônibus entregues em 1960

A Vila de Bertioga – 1940

Nos anos de 1940 o grande destaque fica com a consolidação da Vila de Bertioga, com a definição das suas primeiras ruas e traçado urbano. É o grande momento para os comerciantes libaneses e empresários do ramo de hospedagem, que lucravam com o enorme fluxo de passageiros e turistas que chegavam diariamente em Bertioga pelas lanchas da “Santense”.

Dulce, filha de João Sabino Abdalla, em entrevista ao Jornal Costa Norte, disse que “Bertioga tinha Festa de Reis, as pessoas iam de casa em casa cantando, mas mesmo assim papai não nos deixava sair”. Os passeios das meninas eram acompanhados pelos irmãos. “Em noite de lua, todos iam à praia, o papai fechava a venda e ia para a casa do Miguel Bichir. Eles conversavam, cantavam músicas árabes, e dançavam ao som do gramofone do Bichir”, conta Dulce.

Em entrevista também ao Costa Norte, a família Bichir lembra que além de João Sabino, tinha os libaneses Elias Nehme e Jorge Isaac, e todos se reuniam na casa de Miguel Bichir para cantar e dançar músicas do Líbano, ao som do único gramofone da Vila, relembrando suas tradições e cultura.

Zoraide, filha de João Sabino Abdalla, conta que Bertioga tinha circo, e quando fechava a “venda”, João Sabino emprestava os lampiões para as apresentações circenses.

Bertioga tinha diversão. As famílias amigas se reuniam em grupos conforme suas tradições, se algumas cantavam músicas árabes, outras gostavam das danças e músicas de origem portuguesa, africana ou brasileira. O esporte praticado era o futebol e por isso se formaram vários times de futebol, cada um representando seu bairro. As famílias eram felizes com a pouca estrutura que a Vila oferecia. Tinha escola, posto de saúde e cemitério, mas não existia rede de abastecimento de água, de coleta e tratamento de esgoto, coleta de lixo, transporte público, vias pavimentadas, energia elétrica e iluminação pública. A cadeia de Bertioga era improvisada no quartel (atual Museu João Ramalho) do Forte São João.

Das inúmeras entrevistas e dos mais diferentes artigos de jornais publicados sobre Bertioga nos anos 1940, é possível compreender que a Vila era formada por casas de moradores e casas de veraneio. As casas de pau-a-pique desapareçam do centro, dando lugar as casas de madeira e principalmente alvenaria, com telhas de barro.
Os moradores viviam do comércio de produtos agrícolas produzidos em pequenas lavouras, especialmente banana, e do comércio de pescados. Uma parte desses produtos era comercializada com a população local, mas quase toda a produção era destinada ao Mercado de Santos. Outros moradores possuíam estabelecimentos comerciais, chamados de vendas ou armazéns, para a negociação de alimentos ou armarinhos, que vinham de Santos ou São Paulo. Uma parcela da população era de aposentados do serviço público (Força Pública ou Prefeitura de Santos).
A partir de 1946, com a efetiva implantação da Subprefeitura do Distrito de Bertioga, além do serviço de saúde e ensino, houve o início dos trabalhos de urbanização (as chamadas “turmas”). É nessa época que vem para Bertioga Deolindo Fernandes Lisboa, servidor público de Santos na função de Mestre de Obras, com a esposa (Elisia Sobral Lisboa) e os cinco filhos (Daniel, Zunaria, Deolindo, Getúlio, Zenaide). Começa a se consolidar um novo grupo de moradores, vinculados à administração regional.

Além disso, muitas pessoas vieram para Bertioga no final da década de 1940 para trabalhar na construção e depois no funcionamento da Colônia de Férias do Sesc, instalando-se nas terras adjacentes ao empreendimento com suas famílias.

Alguns moradores trabalhavam no serviço público de transporte fluvial de passageiros e cargas (Santense), como Rafael Arcanjo Nascimento, Sebastião Xaxá, Romualdo Santana e Romualdo Santana Junior.

Orla do Canal de Bertioga, entre o Forte e a ponte de atracação, em 1942. Foto de propriedade de Eduardo Ortega. Autor da foto: Valencio de Barros. Nome da foto: Manhã luminosa (Bertioga).
Acervo: Comodato MASP Foto Cine Clube Bandeirante. Publicada no site do MASP

Esta é a orla da Avenida Vicente de Carvalho, antes da construção do cais. Da esquerda para a direita: a venda de João Sabino Abdalla, com as tradicionais três portas; a venda do Faninho (Epiphânio Batista); a venda de Elias Nehme; a venda de Miguel Bichir. Encima do canteiro central está o barracão ou rancho de pesca de propriedade de Elias Nehme, demolido por volta de 1945, para o projeto de alargamento da Avenida. No canto direito da imagem, é possível ver uma pequena parte da ponte de atracação. Foto do início da década de 1940, restaurada e reinterpretada por Jamilson Lisboa Sabino.

Nas margens do Canal de Bertioga, um rancho de pescador (cabana) e a ponte de atracação. Ao fundo, o Forte São João, recém-restaurado. Foto de 1945, do acervo pessoal de Jamilson Lisboa Sabino.

Avenida Vicente de Carvalho, no centro de Bertioga. Do lado esquerdo da foto, o barracão de Elias Nehme para guardar embarcações e que também servia como depósito. Esse barracão ficava bem em cima do canteiro central da Avenida. Atrás dele, no centro da foto, é a venda de Elias Nehme. No lado direito da foto é a venda de Miguel Bichir. Foto do início da década de 1940.

Avenida Vicente de Carvalho, no centro de Bertioga (em frente o atual Pier Licurgo Mazzoni), no final da década de 1940. Do lado esquerdo da imagem: a venda de Elias Nehme, a venda de Miguel Bichir, a casa de Dona Candinha e mais ao fundo o Bar e Padaria São João da Barra. Destaque para o antigo e já extinto eucalipto no canteiro central. O barracão de Elias Nehme já estava demolido. Na foto anterior, a venda de Elias Nehme aparece sem inscrições nas paredes, ao contrário da imagem acima onde já constam inscrições com o nome de “Bar, Restaurante e Armazém Mar e Terra”, além de informações sobre alguns itens vendidos. Dentre as pessoas que podem ser identificadas, João Sabino Abdalla é o terceiro da esquerda para a direita (calça marrom). Os demais eram amigos dele, de Santos ou de São Paulo, segundo me relatou Dulce Bittencourt Abdalla.

Avenida Vicente de Carvalho: na sequência, os estabelecimentos comerciais de João Sabino, Faninho, Elias Nehme e Miguel Bichir. Foto de 1947 do acervo pessoal de Jamilson Lisboa Sabino.

Em “Bubuia do Tempo”, de Miguel Seiad Bichir Neto, o armazém do seu avô, Miguel Bichir, na década de 1940, na atual Avenida Vicente de Carvalho. Na foto, da direita para a esquerda, Miguel Bichir é o quarto em pé, o mais alto, no meio da porta. Detalhe para a propaganda da Coca-Cola, do açúcar União e da cachaça produzida pela família Bichir. No extremo direito da foto, é possível ver parte da casa onde residia a família de Epiphânio Batista (Faninho).

Rua Júlio Prestes, no centro de Bertioga, na década de 1940: do lado esquerdo ficava a venda de Faninho e do lado direito a venda de Elias Nehme. Ao fundo, do lado esquerdo: a Igreja, a propriedade de Nestor Pinto Florêncio de Campos e sua antiga venda. Algumas décadas antes, a área compreendida entre os fundos da venda de Faninho e a igreja era ocupada por João Estevam de Paula, que residiu com a esposa (Maria Loiola de Andrade) e filhos (Brasílio, Nair, Marina e Manoel). Ele também teve uma lavoura ali entre as décadas de 1910 e final da década de 1930. A casa dele era de pau-a-pique e ficava onde está a igreja. Eles tinham apenas a posse e saíram dali pressionados pelos proprietários Joaquim Tavares e depois Cristovam Ferreira de Sá, segundo se interpreta da entrevista de Nair Estevam de Paula ao Jornal da Baixada e as ações judiciais que tramitaram na época.

Igreja Católica São João Batista, na Rua Júlio Prestes, em Bertioga, em foto registrada no ano de 1944.

Avenida Tomé de Souza, em frente à praia, muitas décadas antes de ser asfaltada e urbanizada em foto do final da década de 1940. O prédio novo da Escola Isolada Vicente de Carvalho, inaugurado em 1942, está no canto esquerdo da imagem, aparecendo parcialmente, com a cerca e o portão. Atualmente, recebe o nome de Casa da Cultura Emancipadora Professora Norma dos Santos Mazzoni e já passou por diversas modificações estéticas e estruturais. Ali já funcionou a Escola Dino Bueno e durante alguns períodos esteve cedido para o Lions Club de Bertioga. É possível ver ao fundo da imagem o Morro da Senhorinha.

Liga das Senhoras Católicas – 1941

A Liga das Senhoras Católicas de São Paulo foi fundada em 10 de março de 1923, vinculada a Arquidiocese da Igreja Católica de São Paulo. Atualmente recebe a denominação de Liga Solidária. É uma organização social sem fins lucrativos que desenvolve programas socioeducativos e de cidadania.

Em 15 de fevereiro de 1941 era inaugurada a primeira Colônia de Férias de Bertioga, de iniciativa da Liga das Senhoras Católicas. Recebeu o nome de “Colônia de Férias Dona Helena Pereira de Moraes”, que era esposa do empresário José Ermírio de Moraes. Em imóvel de sua propriedade, doado para a entidade, foi instalada a Colônia de Férias. Prédio térreo, com amplo quintal, em frente à praia, próximo à Avenida 19 de Maio.

Era destinada as moças que trabalhavam e frequentavam o restaurante da Liga das Senhoras Católicas, em São Paulo. Essas moças possuíam uma remuneração muito baixa, que só dava para cobrir suas necessidades básicas, sem jamais poder desfrutar de momentos de lazer, que a elite dispunha. Bertioga foi o local escolhido, paradisíaco, deserto, encantador, contemplativo, para que a entidade instalasse ali sua Colônia de Férias. Mas não era gratuita, pois cada moça interessada precisava pagar uma taxa de conservação no valor de “dez mil réis”, tendo direito a quinze dias por ano. A sua capacidade inicial era para receber somente dez moças de cada vez.

Foi realizada uma linda festa no dia da inauguração. Veio uma caravana de São Paulo. Na Estação da “São Paulo Railway Company”, no Valongo, em Santos, os convidados foram recebidos pelo Prof. Delphino Stockler de Lima, que ali estava representando o Prefeito de Santos, Cyro Carneiro. Trocados os cumprimentos, foram em direção ao cais do Valongo, onde estava estacionada a barca “Barnabé”, cedida pela Companhia Docas para transportar a caravana de convidados até Bertioga. José Ermírio de Moraes e sua esposa Helena Pereira de Moraes não estavam presentes.

Foram recebidos na “ponte de atracação” das lanchas da “Santense” por Maria Porto (Diretora da Liga das Senhoras Católicas), Oswaldo Silveira, Alberto Hugo de Oliveira Caldas, entre outros.

O Padre Eduardo Roberto participou da cerimônia, benzendo o prédio, a pedido de Maria Porto. Em seguida, foi realizada a entronização do “Sagrado Coração de Jesus”, então padroeiro da Liga das Senhoras Católicas.

Foi servido um almoço na varanda da Colônia de Férias, às 13:00, e durante a sobremesa pronunciou-se o Padre Eduardo Roberto, parabenizando pela iniciativa e prestigiando Helena Pereira de Moraes. Também falou o Prof. Delphino Stockler de Lima, com palavras elogiosas a figura dinâmica da Liga das Senhoras Católicas.

 

A restauração do Forte São João – 1942

No início da década de 1920, o Forte São João estava em ruínas, assim como descreveu Euclides da Cunha e, mais tarde, Mário de Andrade. O terrapleno, sua principal estrutura, estava de pé, mas o quartel tinha condições precárias, especialmente o telhado e algumas paredes, que tinham desmoronado. A tenalha (muro de pedras no entorno do quartel) estava parcialmente destruída e muitas pedras foram retiradas dela e usadas pelos moradores como alicerce para suas casas.

Tinha muita vegetação cobrindo o terrapleno e a cortina quase desapareceu. A principal joia de Bertioga tinha o iminente risco de desaparecer, desmoronar, e ser levada pelos efeitos das marés, assim como aconteceu com a Capela de São João Batista. Sem os cuidados de conservação, o forte poderia estar numa situação semelhante a Ermida de Santo Antônio do Guaíbe ou do Forte São Luís, ou seja, em ruínas.

Forte São João, na década de 1930. Foto arquivada no Museu Paulista (Universidade de São Paulo), que detém seus direitos autorais. Foi cedida oficialmente e autorizada sua reprodução exclusiva para “História de Bertioga”, de Jamilson Lisboa Sabino.

Diante desse cenário, em 1941 foi iniciada a restauração do Forte São João pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ficou responsável pela obra o arquiteto Luís Saia, que viria a se tornar um dos fundadores do IPHAN e respeitado professor e pesquisador sobre patrimônio histórico-cultural. A reforma foi concluída no ano de 1942.

Segundo consta, a principal finalidade dessa reforma foi colocar na posição original parte da cortina que estava desaprumada desde a ressaca de 1769, mas também foram executadas importantes obras de restauro do prédio do quartel (Museu João Ramalho).

A restauração do Forte São João em 1942 foi uma das ações do Poder Público mais importantes para a história de Bertioga. Entregar para a população o terrapleno e o quartel recuperados, muito próximo aos projetos originais, contribuiu para a preservação da identidade de Bertioga e promoção turística da Vila.

Foto de 1941/1942 – Restauração promovida pelo IPHAN

Restauração do Forte São João. Essas são as paredes do quartel (museu). O telhado foi trocado e algumas paredes refeitas. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

Eram dramáticas as condições em que se encontrava o quartel (Museu João Ramalho). Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

A cortina caiada do Forte São João, na parte onde abriu a fenda após o maremoto de 1769. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

A cortina caiada com cal de marisco do Forte São João, nas obras de recuperação. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

A cortina caiada do Forte São João, ainda sem a aplicação da pintura branca. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

O Forte São João, após conclusão das obras de restauração. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

A antiga entrada principal, amplamente reformada e o quartel (Museu João Ramalho), também já com as obras externas de restauração concluídas. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1942. 

O novo prédio da escola – 1942

No dia 19 de abril de 1942, em homenagem ao aniversário do Presidente da República Getúlio Vargas, a Prefeitura de Santos inaugurou o novo prédio da Escola Municipal Vicente de Carvalho, na Avenida Tomé de Souza, em frente à praia, no prédio ocupado atualmente pela Casa da Cultura Emancipadora Professora Norma dos Santos Mazzoni. Foi construída exclusivamente com recursos públicos. É o primeiro prédio público construído e ocupado por uma escola em Bertioga. Antes, as escolas funcionavam em locais emprestados.

A escola instalada pela Prefeitura de Santos em 1906 deve ter funcionado até 1924 em uma casa particular emprestada, já que não existia prédio público na Vila, a não ser o quartel do Forte São João, que estava em ruínas e destelhado nessa época. Em 1924 foram concluídas as obras do prédio da Colônia de Pescadores, na atual Avenida Vicente de Carvalho. Essa casa foi cedida à Prefeitura de Santos para ser uma escola, que funcionou ali até 1937, quando foi interditada pela Inspetora de Ensino pois o prédio da Colônia de Pescadores estava em ruínas e o funcionamento da escola colocava em risco a segurança dos alunos.

Os alunos devem ter continuado assistindo aula nos anos de 1937, 1938 e início de 1939 em alguma casa emprestada por morador da Vila. Não temos informações desse local.

De 1939 a 1942 a escola funcionou em uma sala de aula improvisada no ambulatório da Cruz Vermelha, na Avenida Vicente de Carvalho.

Em agosto de 1942 é inaugurado o novo prédio da escola, garantindo aos professores e estudantes melhores condições para o desenvolvimento pedagógico. A cerimônia de inauguração contou com a presença de diversos populares e foi presidida pelo Prof. Silvio Julião, Inspetor Geral do Departamento de Educação, que ali representava o Prefeito de Santos, Antonio Gomide Ribeiro dos Santos, que não pôde comparecer. A unidade de ensino passou a funcionar em dois períodos, um com a Professora Maria de Lurdes Castro e outro com a Professora Nilza Fulgoso Serra.

Era um estabelecimento de ensino modelo, instalando no mesmo padrão das escolas municipais de Santos. Era um edifício moderno e com linhas elegantes. Os requisitos obrigatórios para os padrões pedagógicos mínimos eram todos atendidos. A escola era frequentada em 1944 por 80 alunos, entre meninos e meninas. A escola tinha assistência médica e dentária. Já a assistência alimentar era ofertada pela Sociedade de Amparo aos Praianos de Bertioga.

A denominação da escola é um assunto que merece abordagem. Quando a escola foi criada, em 1906, era chamada de Escola Mixta (Mista) de Bertioga. Em 1924, quando foi atribuída a denominação de Vicente de Carvalho em homenagem ao poeta, a Câmara Municipal de Santos fez constar apenas Escola Vicente de Carvalho. Até o início dos anos 1940 é chamada como Escola Vicente de Carvalho. Somente a partir de 1942 que passa a ser reconhecida em alguns documentos oficiais como Escola Isolada Vicente de Carvalho.

Escola Vicente de Carvalho, na Avenida Vicente de Carvalho, em Bertioga (atual Casa da Cultura). Foto da década de 1940.

Escola Vicente de Carvalho, na Avenida Vicente de Carvalho, em Bertioga (atual Casa da Cultura). É possível identificar na extremidade inferior da foto as ruínas da Capela de São João Batista, isto é, parte das pedras que compunham seu alicerce. Em uma das ampliações, essas pedras foram removidas pela Prefeitura, dando lugar a um novo prédio com salas de aula. Foto do ano de 1945.

Foto do jornal “Correio da Tarde”, de 1942.

Escola Municipal Vicente de Carvalho – Bertioga

Alunos em frente a Escola Vicente de Carvalho. Foto entre os anos de 1965 e 1969.

Evento cívico na Escola Vicente de Carvalho, com a presença do Subprefeito Alberto Alves, de terno claro, no centro da imagem. Foto de 1966.

Casa da Cultura – o prédio já sofreu muitas modificações

Em 1º de dezembro de 1946, um domingo, por iniciativa das Professoras Jandira Fontes Garcia e Helena Gago Gonzalez, que lecionavam na Escola Vicente de Carvalho foi inaugurado o retrato do Prefeito de Santos, Cyro de Athayde Carneiro, que esteve pessoalmente presente na cerimônia de encerramento do ano eletivo. Os alunos cantaram o Hino Nacional, houve a entrega de diplomas e prêmios às autoridades. O aluno Moacir Ferraz Damião discursou enaltecendo a significação da homenagem, assim como o Subprefeito de Bertioga, Ary Fonseca Cruz e a Professora Helena Gago Gonzalez. Por fim, de improviso, discursou o Prefeito de Santos.

Distrito Policial de Bertioga – 1942

A primeira autoridade policial de Bertioga foi Miguel Arcanjo, segundo Fernando Martins Lichti, em “Poliantéia de Bertioga”.

No final do seculo XIX, início da República, o Ministério da Guerra achava que não seria necessário manter ali uma praça efetiva do Exército e por isso a fortaleza era entregue a oficiais que não paravam muito tempo no posto porque a remuneração era baixa e o local era inóspito.

Em 1904 o Dr. Cardoso de Almeida, Secretário de Interior e Justiça, enviou um destacamento policial para Bertioga. No mesmo ano, foi apresentada proposta para instalação de uma “colônia penal” ou “colônia seccional” no quartel do Forte São João. O relatório e orçamento das obras foi elaborado por Euclides da Cunha. Essas obras de adaptação foram aprovadas pelo Ministro da Guerra.

Bertioga contava com a presença de polícia, designada pela Prefeitura de Santos ou pela Força Pública do Estado de São Paulo desde os primeiros anos do século XX. Nas décadas de 1910, 1920 e 1930 o quartel do Forte São João era usado como cadeia pública.

Identificamos em nossas pesquisas que José Inácio Hora foi Inspetor de Polícia de Bertioga entre 1917 e 1924, depois tornando-se Professor. Germano Besser é citado em uma publicação de 1922 como Inspetor de Polícia de Bertioga. E foi possível identificar Francisco Besser nomeado Inspetor de Polícia em 1924 e exonerado em 1928.

Miguel Arcanjo atuou nessa função entre as décadas de 1910 e 1940. Um dos casos de maior repercussão que atuou Miguel Arcanjo ocorreu em 1931, no sítio Taperinha, no Itapanhaú, em Bertioga. Era um sítio destinado ao cultivo de bananas, de propriedade de “Antonio Alonso & Cia”. Ali trabalhavam inúmeros funcionários, todos sob as ordens diretas do feitor Francisco Ruis, de nacionalidade espanhola. Ocorreu uma discussão entre Francisco Ruis e o operário José da Silva, por não ter este executado o serviço corretamente. Francisco Ruis foi até o barracão, pegou a espingarda e deu um tiro no peito de José da Silva, que morreu no local. Coube a Miguel Arcanjo, inspetor de polícia, prender o autor e conduzi-lo de lancha até a Delegacia de Santos. Disse João Ruis que fez em legítima defesa, pois estava na iminência de ser agredido com um cano de ferro.

Miguel Arcanjo. Foto extraída do livro “Bubuia do Tempo”, de Miguel Seiad Bichir Neto (década de 1940).

Miguel Arcanjo, João Sabino Abdalla e Waldemar, onde hoje estão os jardins da Avenida Vicente de Carvalho, em foto de 1945.

O quartel do Forte São João, mesmo em condições precárias, era usado como cadeia provisória enquanto aguardava o transporte dos presos até Santos.

Pelo Decreto nº 12.899, de 25 de agosto de 1942, do Governador do Estado de São Paulo Fernando Costa, foi oficializada pelo Governo do Estado a instalação do “15º Distrito Policial de Bertioga”, vinculado a Comarca de Santos:

Distrito – BERTIÓGA “Começam na embocadura do rio Itapanhaú, no canal de Bertióga; seguem por este rio até ser encontrado o Itatínga e. por este, até a divisa com o município de Mogí das Cruzes; por esta até ser encontrada a divisa com o municipio de Salesópolis; por esta até ser encontrada a divisa com o município de São Sebastião e, por esta, até ao mar; por este até a entrada do canal de Bertióga e por este até ao ponto de partida”.

Publicação do Decreto nº 12.899, de 25 de agosto de 1942, oficializando a instituição do Distrito Policial de Bertioga.

O Decreto nº 18.787, de 25 de agosto de 1949, do Governador do Estado de São Paulo, Adhemar de Barros, renovou a criação do subdistrito policial de Bertioga.

O prédio da primeira delegacia foi emprestado pela Colônia de Pescadores. No imóvel onde alguns anos antes funcionou a Escola Isolada Vicente de Carvalho, passa em 1949 a ser ocupado pela Delegacia de Polícia. Porém, tinha apenas um policial encarregado e nenhum delegado.

Foto do ano de 1950. Na esquerda da imagem está a Colônia de Pescadores, emprestada como Delegacia de Polícia a partir de 1949 e por toda a década de 1950. Prédio da primeira delegacia. Avenida Vicente de Carvalho, Bertioga.

Na década de 1960 a Delegacia de Polícia de Bertioga foi transferida do prédio da Colônia de Pescadores para uma casa na Rua Irmãos Braga. O número de policiais aumentou, mas mesmo assim nenhum delegado estava designado para a Delegacia de Bertioga, o que frequentemente era motivo de reclamação dos delegados de Santos, que precisavam se deslocar até Bertioga, percorrendo grande distância, para atender as ocorrências mais graves.

Foto do ano de 1966. A casa usada como Delegacia de Polícia de Bertioga. O veículo do lado é a única ambulância da época, que precisava ficar na delegacia porque no posto médico não tinha telefone. Rua Irmãos Braga, Bertioga.

Segundo Fernando Martins Lichti e informações que pudemos apurar, o primeiro delegado de polícia instalado em Bertioga foi Rivalino Borges de Lima. Ele foi transferido em 1975 da Delegacia de Registro para uma das delegacias de Santos. Em 1978 foi designado como delegado titular da Delegacia de Polícia de Bertioga, que acabava de receber um prédio novo, na Praça Vicente Molinari. Ele ficou por pouco tempo, logo retornando à Santos.

Granja Zilá – 1942

Armando Lichti começa a frequentar Bertioga na década de 1930, quando no ano de 1936 aluga definitivamente uma casa de Norberto Luiz para os finais de semana. Em 1942 Armando Lichti aluga a vivenda do casal Bertha e Germano Besser (Pousada Bertioga), logo que eles se mudam para o interior em razão da declaração de Guerra no território nacional. E, em seguida, Armando Lichti compra imóveis de Miguel Seiad Bichir, Joaquim Pedro Cardim, Emydio de Souza e Gabriel Fernandes Garcez formando quase que totalmente a antiga Chácara dos Jambeiros, de João Basilio dos Santos.

Neste local, hoje totalmente ocupado pelo Parque dos Tupiniquins, Armando Lichti montou a Granja Zilá, que tinha finalidade totalmente decorativa, sem qualquer propósito comercial. Era um bosque com jardins e gramados para piqueniques, locais para peixadas e churrascadas. Foram recebidas ali as mais altas autoridades: Prefeitos, Secretários, Embaixadores, Cônsules, Presidentes, Advogados, Médicos, Engenheiros. A elite santista e paulista tinha a Granja Zilá como um ponto de referência na Vila de Bertioga. A Granja Zilá encerrou suas atividades em 1947 e Armando Lichti faleceu no dia 2 de maio de 1950, em São Vicente/SP.

Armando Lichti, em retrato de 1919

Armando Lichti, gerente do escritório da Agência de Santos da “Companhia de Navegação Noruegueza”, em foto de 1919 da Revista São Paulo Moderno.

Confraternização do Corpo Consular de Santos, na Granja Zilá, em 1942. Foto de “Poliantéia de Bertioga”.

Confraternização do Corpo Consular de Santos, na Granja Zilá, em 1942. Foto de “Poliantéia de Bertioga”.

Cooperativa de Pequenos Trabalhadores – 1944

Por iniciativa de Francisco Quartim Barbosa, Presidente da Sociedade Amigos de Bertioga e médico do Juízo de Menores e Comissão de Menores do Estado de São Paulo, foi criada em Bertioga, no ano de 1944, uma cooperativa de menores, sob a orientação de Nair Ortiz, Subinspetora do Departamento de Assistência ao Cooperativismo.

A cooperativa era destinada aos menores de 17 anos, escolares ou não, que desejassem exercer alguma profissão. A cooperativa procurava neles despertar o amor pelo trabalho, mostrando as vantagens de realizá-lo sob forma coletiva. Ao mesmo tempo, oferecia para a criança a oportunidade de experimentar tipos variados de trabalho, de modo natural e espontâneo. A criança escolheria aquilo que tem melhor aptidão. Era um verdadeiro sistema de orientação profissional.

A cooperativa contava com cinco seções: 1º) seção de agricultura, onde as crianças trabalhavam em turmas, no cultivo de hortaliças, sob a orientação técnica do Agrônomo Regional de Santos Dr. Reinaldo Azzi, distribuindo-se o produto da horta aos próprios menores; 2º) seção de consumo, para venda da produção excedente às famílias dos menores, através de um armazém, administrado por pessoa de confiança; 3º) seção de apicultura, com aulas proferidas por um técnico da Secretaria de Agricultura; 4º) seção de trabalhos manuais, para confecção de esteiras, cestos e peneiras para vendas futuras no Mercado de Santos; 5º) seção de educação física, recreio, excursões, além de um batalhão de menores cooperados com instrução militar.

Distrito de Santos – 1944

Mais de cem anos depois, os arquivos históricos da Câmara Municipal de Santos são consultados para revelar que Bertioga passou da condição de Vila para a qualificação como “Bairro” de Santos já no início do século XX.

No orçamento público do Município de Santos para o exercício financeiro de 1909, aprovado pela Lei Municipal nº 339, constavam despesas com o Bairro de Bertioga, dentre as quais a remuneração paga ao “zelador” do cemitério e aos “professores”. Foi somente em 1944 que Bertioga é elevada à condição de distrito de Santos.

Foi por meio do Decreto-lei nº 14.334, de 30 de dezembro de 1944, que o Governador do Estado de São Paulo, Fernando de Souza Costa, fixou a divisão territorial do Estado e criou o Distrito de Bertioga, recebendo o mesmo nome do povoado, subordinado ao Município de Santos.

Fernando de Souza Costa. Foi Governador do Estado de São Paulo no período de 4 de junho de 1941 até 27 de outubro de 1945, nomeado como “Interventor Federal” por Getúlio Vargas, no Estado Novo, durante o período da ditadura Vargas.

Esse decreto somente foi publicado no dia 15 de maio de 1945, data em que entrou em vigor.

Publicação do Decreto-lei nº 14.334, de 30 de dezembro de 1944, na gestão do Governador do Estado de São Paulo (Interventor Federal), Fernando de Souza Costa.

A intenção do Governo do Estado era atender as demandas dos moradores locais, por meio de recursos, gestão e logística prestados pelo Município de Santos, com alguns repasses de recursos estaduais.

Nesta época, era Prefeito de Santos Antonio Gomide Ribeiro dos Santos.

Prefeito Antonio Gomide Ribeiro dos Santos

Santos era uma cidade bem desenvolvida, com ampla urbanização e estrutura administrativa complexa, contando com imponentes prédios destinados aos Poderes Executivo e Legislativo, além de órgãos estaduais e federais.

Paço Municipal (sede do Poder Executivo). Foto de na década de 1940.

Praça da Independência em Santos. Foto de na década de 1940.

A Praia do Gonzaga. Foto de Santos na década de 1940.

Praça Quinze de Novembro, na esquina com a Praça dos Andradas. Foto de na década de 1940.

Resolução do Prefeito de Santos pela energia elétrica e serviço telefônico – 1944

O Prefeito de Santos publica em dezembro de 1944 uma resolução determinando que fossem realizados estudos no sentido de dotar Bertioga de luz elétrica e serviço telefônico. Essa iniciativa foi de Antônio Gomide Ribeiro dos Santos, que governou Santos de 1941 a 1945.

Diante dessa importante iniciativa, dirigiram congratulações ao Prefeito santista, por carta oficial, agradecida pessoalmente por ele, os seguintes moradores: Ari da Fonseca Cruz, Dr. Walter Paulo Siegl, Rafael Costábile, Miguel Lourenço, Dr. Sebastião Arantes, Elias Nehme, José Quartim Barbosa, Dr. Alberto Hugo de Oliveira Caldas, Jaime Nehme, Henrique Costábile, Epiphânio Batista, Afonso Paulino, João Sabino Abdalla e Geremias Gomes.

O “Bar e Padaria São João da Barra” – 1945

A partir do que escreveu Fernando Martins Lichti em “Poliantéia de Bertioga”, João de Andrade, no início da década de 1930 instalou junto a sua casa um forno de padaria, abastecendo todos os moradores por ao menos dez anos. Ficava a uma distância entre 3
à 4 quilômetros do Forte São João.

Disse Fernando Martins Lichti que Afonso Paulino instalou a primeira padaria de Bertioga, como estabelecimento comercial e não apenas como indústria. Essa informação eu não consegui confirmar em minhas pesquisas. O que foi possível encontrarmos é uma publicação oficial da Prefeitura de Santos do ano de 1931 mencionando os estabelecimentos comerciais de Bertioga sujeitos ao licenciamento municipal. Um desses estabelecimentos é citado como “padaria”. Valentim Gonçalves era o proprietário. Fernando Martins Lichti não comentou sobre isso, porque talvez ele não tivesse a informação que hoje a tecnologia me permite ter, acessando os arquivos históricos digitalizados, ou porque esse estabelecimento nunca funcionou como padaria, embora licenciado pela Prefeitura.

Publicação do jornal “O Diário de Santos”, de 1931, da parte oficial da Prefeitura de Santos indicando Valentim Gonçalves com licença para padaria.

Ainda segundo “Poliantéia de Bertioga”, Afonso Paulino inicialmente veio para Bertioga para trabalhar na construção da Colônia de Férias do SESC. Com a conclusão das obras nesse empreendimento, Afonso Paulino abriu um estabelecimento comercial destinado a fabricação e venda de pães. Ficava na esquina da Rua Irmãos Braga com Avenida Vicente de Carvalho. Para quem olha para o Canal de Bertioga, essa casa ficava do lado esquerdo.

Em 1947 é vendida para José Rodrigues, que transfere a padaria para a casa que ficava “em frente”, isto é, do outro lado da esquina. Para quem olha para o Canal de Bertioga, essa casa ficava do lado direito. É construída com uma proposta moderna para a época, contando com espaço para restaurante, bar e lanchonete.

Primeira padaria de Bertioga, em frente a Avenida Vicente de Carvalho, esquina com Rua Irmão Braga (1955).

No dia 8 de julho de 1961 foi inaugurado um novo prédio, na Rua Irmãos Braga, próximo à Praça Armando Lichti. Recebe o nome oficial de “Bar e Padaria São João da Barra”. O projeto foi elaborado por Alberto Alves. As instalações eram bem modernas para a época. E contava com a fabricação e comercialização não só de pães como de diversos confeitos. Era lanchonete e oferecia refeições rápidas. A inauguração contou com a presença de Coriolano Mazzoni, Subprefeito de Bertioga, que juntamente com José Rodrigues e Laura Rodrigues cortaram a fita simbólica de inauguração, sendo oferecido um coquetel aos convidados.

Foto do Jornal A Tribunal de Santos, em 08/07/1961 – Inauguração do novo prédio do Bar e Padaria São João da Barra. Ao centro, cortando a fita, Coriolano Mazzoni, ao lado dele, José Rodrigues e Laura Rodrigues, os proprietários.

Em 1965, altera seu nome para “Panificadora São João da Barra”. O estabelecimento comercial encerrou suas atividades no início da década de 1990.

Primeiro Subprefeito de Bertioga – 1946

O Decreto-lei nº 15.584, de 25 de janeiro de 1946 autorizou que o Prefeito de Santos nomeasse subprefeitos para o Distrito de Bertioga. Assim o fez o Prefeito de Santos, Edgardo Boaventura, nomeando naquele mesmo ano o Tenente Coronel Ary Fonseca Cruz o primeiro subprefeito de Bertioga, considerado na época como homem de absoluta idoneidade.

Consultando os livros originais e históricos arquivados na Prefeitura de Santos, foi em 7 de fevereiro de 1946 que Edgardo Boaventura assinou a Portaria nº 58 de nomeação do primeiro subprefeito de Bertioga, publicada no dia seguinte no Jornal A Tribuna de Santos, na “parte oficial” da “Prefeitura Municipal de Santos”. A posse ocorreu no dia 10 de fevereiro de 1946, no Paço Municipal de Santos. O assunto foi notícia nos jornais locais e da Capital paulista.

Publicação da portaria de nomeação de Ary F. Cruz (Ary Fonseca Cruz) – 08/02/1946

O jornal “Correio da Tarde” do dia 12 de fevereiro de 1946 noticia a posse de de Ary F. Cruz (Ary Fonseca Cruz). Armando Lichti, em nome dos moradores de Bertioga, cumprimentou o Prefeito de Santos Edgardo Boaventura pela escolha.

O Tenente Coronel Ary Fonseca Cruz nasceu em 07/12/1891. Filho do Tenente Coronel do Exército Candido Flarys da Cruz e de Nathalia Carneiro da Fonseca Cruz. Era morador de Bertioga quando nomeado para o cargo de subprefeito. Foi casado com a Professora Messias Barbosa Cruz, que conheceu em Itatiba. Tornou-se Oficial reformado da Força Pública de São Paulo em 1916. Em 4 de janeiro de 1921 foi promovido a 2º Tenente.

Segundo escreveu Ary Fonseca Cruz, ele participou da Revolta Paulista de 1924, que foi um levante militar organizado por jovens oficiais contra o governo do Presidente Arthur Bernardes.

No dia 23 de julho de 1924, no Largo do Cambuci, em São Paulo, onde estava entrincheirado com outros militares, foi ferido gravemente na perna esquerda, por uma bala de fuzil Mauser. Foi preso e no dia 21 de outubro de 1924 foi expulso da Força Pública. Esteve recolhido à Santa Casa de Santos até novembro de 1924. Depois, foi transferido para a Cadeia Pública de São Paulo, Hospital Militar da Força Pública, Santa Casa da Misericórdia, Presídio da Imigração e quartel do 4º Batalhão do Exército de Santana, quando foi posto em liberdade em 11 de junho de 1927. Ficou quase três anos preso.

Após deixar a prisão, desempregado, trabalhou em diversos locais no interior paulista, mas ainda continuava tratando a lesão na perna, que quase foi amputada, mas resistiu graças a promessa feita a Nossa Senhora do Monte Serrat.

Com a Revolução de 1930 e a vitória do grupo por ele apoiado, Ary Fonseca Cruz é reincluído na Força Pública e promovido a Capitão no Regimento de Cavalaria. Em 30 de abril de 1931 foi novamente promovido a Major e ocupou o cargo de Comandante do 5º Batalhão da Força Pública. Atuou como Procurador da Caixa de Assistência da Força Pública e foi Vice-Presidente da Associação Desportiva desse mesmo órgão.

Em razão da Revolução Constitucionalista de 1932, volta a ser preso durante o período de julho à outubro de 1932 por discordar dos motivos que levaram São Paulo revoltar-se contra o governo da República. No dia 29 de outubro de 1932 foi reformado, isto é, aposentado, a pedido, no posto de Tenente Coronel.

Colaborou na assistência aos órfãos e nas ações beneficentes de Natal. Foi também Prefeito de Sorocaba, entre junho e setembro de 1933. Foi esse o principal motivo que lhe deu crédito para alguns anos depois assumir como subprefeito em Bertioga.

Ary Fonseca Cruz conheceu Bertioga em 22 de dezembro de 1942 quando veio passar uma temporada de 35 dias com a esposa, a filha Lucila e o neto Tony. Em 1943, entre fevereiro e julho, voltou diversas vezes em Bertioga a passeio com familiares quando, então, resolve comprar uma casa e reformá-la para constituir sua residência permanente no mesmo ano.

Tenente Coronel Ary Fonseca Cruz – Jornal Folha de São Paulo – 1946

Na sua gestão teve início os trabalhos de alargamento da avenida da orla do Canal de Bertioga, futura Avenida Vicente de Carvalho, com a doação de várias propriedades particulares ao Município de Santos tornando possível o sistema viário com o embelezamento dos jardins. Consertou ruas e dotou a fonte de água do Morro da Senhorinha de uma bomba nova. Além disso, se empenhou para que fossem instalados os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e energia elétrica. Mas esses equipamentos urbanos somente vieram alguns anos depois.

O Tenente Coronel Ary Fonseca Cruz faleceu em 24 de março de 1979, em São Paulo/SP.

Posto Telefônico – 1946

No século XIX a humanidade conseguiu criar um aparelho para conversar em tempo real com quem está longe. O som é transmitido à distância. Com o avanço das tecnologias da comunicação elétrica, foi inventado o telefone, quase ao mesmo tempo em que foram inventados o telégrafo e o rádio. Na época, essas três grandes inovações modificaram as formas de conexão humana e mudaram nossa história definitivamente. A comunicação por voz tornou possíveis as relações em qualquer lugar do planeta, transformou a forma de fazer negócios e aproximou famílias.

O telefone é um aparelho que transmite sons à distância através de sinas elétricos. O tanque foi um modelo comum nos anos 1940. Recebeu o apelido de “tanque” porque era robusto e forte como um tanque de guerra. Fonte Jornal Folha de São Paulo.

Em 1923 é criada a “Companhia Telephonica Brasileira”, a maior empresa de telefonia do Brasil até a criação do sistema Telebras em 1972. Os primeiros telefones automáticos do Brasil foram inaugurados em 1922 na cidade de Porto Alegre. Em São Paulo os primeiros telefones automáticos foram inaugurados em 1928. Bertioga precisou esperar por quase duas décadas para a chegada dessa revolucionária tecnologia.

No dia 2 de fevereiro de 1946 o posto telefônico de Bertioga foi inaugurado e ligado à rede interurbana da “Companhia Telephonica Brasileira”, atendendo reivindicações de moradores locais. Entre as autoridades presentes na inauguração estava José Portugal Gouvêa, Chefe da Seção Comercial da Superintendência da Divisão do Estado, que representava o Superintendente, Josias Cleto.

Às 11:30 da manhã, José Portugal Gouvêa inaugura a linha, telefonando para o Prefeito de Santos, Edgard Boaventura, para congratulações pelo novo serviço instalado no Distrito de Bertioga. Em seguida, foram feitas ligações com a inspetoria de serviços públicos da Secretaria da Viação de São Paulo e com jornais de Santos, “A Tribuna” e “O Diário”.

A inauguração causou grande satisfação aos moradores e veranistas, que estavam em número elevado, devido ao calor e as belezas naturais e simples das praias. Agora, a comunicação para Santos tornava-se mais fácil, em caso de qualquer emergência.

Nossas pesquisas informam que o primeiro posto telefônico de Bertioga foi inaugurado em 02/02/1946, no “Bar e Padaria São João da Barra”, quando esse estabelecimento estava localizado na esquina da Avenida Vicente de Carvalho com Rua Irmãos Braga. Fotos do evento e notícias publicadas na época confirmam essa versão. Para Fernando Martins Lichti esse posto telefônico também funcionou temporária e provisoriamente no “Lido Hotel” (década de 1940) e no “Hotel Umuarama” (década de 1950).

Foto da inauguração do Posto Telefônico no “Bar e Padaria São João da Barra” – Foto da Revista Sino Azul – 02/02/1946

Depois da inauguração, os funcionários da Companhia Telephonica ficaram tão encantados com a beleza do lugar, que foram fazer um passeio de canoa, para ver as ruínas da Ermida de Santo Antônio do Guaíbe – Foto da Revista Sino Azul – 02/02/1946

Posto de Puericultura – 1946

A Sociedade de Amparo aos Praianos de Bertioga foi fundada na década de 1940 e no dia 20 de junho de 1946 inaugurou o Posto de Puericultura de Bertioga.

Em lancha especial da Companhia Santense de Navegação, uma comitiva saiu às 10:00 da manhã de Santos em direção à Bertioga. Chegando, foram recebidos pelo Subprefeito Ary Fonseca Cruz, dirigentes da Sociedade de Amparo aos Praianos e muitos populares. A comitiva foi recebida para um almoço na residência de Francisco Quartim Barbosa e de sua esposa Jandira de Oliveira Quartim Barbosa. A cerimônia de inauguração ocorreu às 14:00. O Posto de Puericultura contava com sala de estar, gabinete médico e dentário, sala de curativos e pequena cirurgia, enfermaria, cozinha dietética e lactário, tudo instalado em um confortável edifício colonial. Antes mesmo da inauguração oficial já estavam internadas 14 crianças. O posto fornecia frascos de leite.

No ato de inauguração discursou o Presidente da Sociedade de Amparo aos Praianos, Cristovam Ferreira de Sá, que enalteceu os trabalhos da entidade. Também discursou Dalmácio de Azevedo, representante da Secretaria de Estado da Educação. Finda a cerimônia, visitaram a Escola Vicente de Carvalho (atual Casa da Cultura) e depois o Forte São João. Em seguida, já por volta das 16:00, retornaram a Santos, na mesma lancha.

O Posto de Puericultura foi instalado na Rua João Ramalho, em terreno doado pela Sociedade Urbanística Bertioga.

Geraldo César Fernandes, médico ferroviário, foi diretor do Centro de Saúde Santos-Juquiá, que ficava em São Sebastião e atuou como médico em Bertioga, prestando seus atendimentos no Posto de Puericultura e até mesmo alguns anos antes, na década de 1940. Era um profissional dedicado e muito respeitado em Bertioga. O médico Dr. Durval Bruza e o farmacêutico Henrique da Silva Piques organizaram uma missa de 30º dia do seu falecimento, no dia 28 de agosto de 1964, na Igreja São João Batista em Bertioga, como forma também de lembrá-lo e homenageá-lo. No ano seguinte a Câmara de São Vicente lhe prestou homenagem, designando seu nome em uma das vias públicas da histórica cidade de São Vicente.

Em 1949, ficou fechado por vários meses, em razão de uma disputa política interna da associação mantenedora. Os Poderes Públicos não prestavam nenhum auxílio financeiro e tornava-se quase impossível manter o local sem medicamentos e insumos.

Em 1956, foi autorizado pelo Governo do Estado a instalação de um posto de puericultura em Bertioga, sendo que em 1958 foi decidido que o Estado encamparia os serviços então prestados pela Sociedade de Amparo aos Praianos de Bertioga. É nessa época que chega em Bertioga o médico Dr. Plinio Camargo, que assume como chefe dessa unidade de saúde, permanecendo na Vila trabalhando como médico até 1967.

Em 21 de outubro de 1960, pela Lei nº 37.401, o imóvel foi desapropriado pelo Governo do Estado para instalação do Posto de Puericultura da Secretaria da Saúde Pública e Assistência Social.

Entre as décadas de 1960 e 1970 o Posto de Puericultura passa a ser denominado de “Centro de Saúde”. No início dos anos 1970 ocupava uma casa muito antiga, que estava praticamente em ruínas, e as vezes até apareciam turistas tirando fotos, achando que era um prédio histórico, segundo contava o Dr. Durval Bruza, que era nesta época o Diretor do Centro de Saúde. Ele cuidava de todos os detalhes do prédio do Centro de Saúde, que apresentava diversos problemas estruturais. Muitos consertos, como o do telhado, pagou do bolso. Usava o seu próprio carro para atender à população.

Em 1975 veio a reforma e a reconstrução do prédio com os recursos da Prefeitura de Santos. Pelo Decreto nº 23.247, de 31 de janeiro de 1985, o Governador do Estado de São Paulo Franco Montoro deu a denominação de “Dr. Durval Bruza” o Centro de Saúde de Bertioga, em Bertioga.

Dr. Durval Bruza, em foto de 1982, do jornal A Tribuna de Santos.

Jardim Lido de Bertioga - 1946

Felipe Guimarães dos Santos era o proprietário das terras hoje conhecidas como Jardim Rafael. Em 1900 vendeu essas terras para Gabriel Fernandes Garcez que, por sua vez, em 1944, vendeu para Raphael Costábile. Foi a partir de 1946 que Raphael Costábile atuou como empreendedor imobiliário em Bertioga. Dividiu a gleba em lotes e os comercializou para fins de construção de casas residenciais. Era o loteamento denominado de Jardim Lido de Bertioga. Raphael Costábile faleceu em 1947, em São Paulo/SP.

Mais tarde, em 1962, as terras constam pertencer a Henrique Costábile (filho herdeiro de Raphael Costábile) e Renato J. Arminante. Acontece que parte dessas terras também pertenceram a Laurinda Maria de Sampaio, falecida em 1944 e seus sucessores, Catolino Vicente de Oliveira (herdeiro) e outros. O local passou por diversas disputas judiciais envolvendo a posse da gleba e das unidades imobiliárias decorrentes do loteamento.

Anúncio no jornal “Folha de São Paulo”, publicado em 1946.

A primeira sede da Subprefeitura de Bertioga – 1947

Em 1º de agosto de 1947, a Prefeitura de Santos, representada pelo seu Prefeito Rubens Ferreira Martins, celebrou contrato por dois anos com Cristovam Ferreira de Sá para locação de uma casa para instalação da primeira sede da Subprefeitura do Distrito de Bertioga. Esta casa estava localizada na atual Avenida Vicente de Carvalho. O aluguel foi estipulado no valor de Cr$ 800,00 (Oitocentos Cruzeiros).

O Prefeito de Santos, Rubens Ferreira Martins, foi autorizado pela Lei nº 1057, de 6 de setembro de 1949, a renovar o contrato de locação com Cristovam Ferreira de Sá por mais dois anos. Depois, ocorreram sucessivas prorrogações da locação.

No início da década de 1960 a sede da Subprefeitura foi transferida para uma casa alugada dos herdeiros de Armando Lichti, que serviria, posteriormente, como a sede da primeira Câmara de Vereadores de Bertioga, prédio demolido no ano de 2002, onde hoje está o Parque dos Tupiniquins.

Este imóvel, localizado onde hoje e o Parque dos Tupiniquins, em frente à Avenida Vicente de Carvalho, serviu como sede da Subprefeitura de Bertioga nas décadas de 1960 e 1970. Ali trabalhou por muitos anos como secretária Ruth, filha de Rafael Arcanjo do Nascimento. E no início da década de 1990 foi a sede da primeira Câmara de Vereadores de Bertioga. Foto publicada pelo Jornal “Costa Norte”.

Calimério Carvalho é nomeado Subprefeito - 1947

Calimério Carvalho foi membro do Aeroclube de Santos. Diretor do Aquário Municipal. Encarregado da Garagem e Oficina da Prefeitura de Santos. Ele não é mencionado como Subprefeito na obra de Fernando Martins Lichti: Poliantéia de Bertioga. Das poucas informações até agora obtidas, ele estava no cargo de Subprefeito em 1947, conforme publicação da época no jornal “Correio da Tarde” e foi substituído em 1948, segundo publicação do jornal “Folha de São Paulo”. Foi um período curto e por isso acaba esquecido pela história.

Faleceu no dia 24 de abril de 1965, em Santos. Casado com Rita Palhão de Carvalho, tiveram os filhos José e Vicente.

Carlos Lang é nomeado Subprefeito - 1948

No dia 5 de fevereiro de 1948 toma posse para o cargo de Subprefeito do Distrito de Bertioga o Engenheiro Carlos Lang (Diretor de Obras da Prefeitura de Santos). Era filho de Jorge Lang e Vitoria Brandt Lang. A cerimônia de posse ocorreu no Salão Nobre do Paço Municipal de Santos. Ele substituiu Calimério Carvalho, que tinha pedido exoneração.

Hotel Umuarama – 1948

Na esquina da Avenida Tomé de Souza com Avenida Vicente de Carvalho, Coriolano Mazzoni construiu o segundo hotel de Bertioga, o Hotel Umuarama. Tinha confortáveis apartamentos, restaurante e bar. Em 1961 Manoel Gajo comprou o imóvel.

Hotel Umuarama, em 1951. Foto publicada na internet por Fábio Mazzoni, neto de Coriolano Mazzoni.

Colônia de Férias do SESC – 1948

O Serviço Social do Comércio (SESC) é uma instituição brasileira privada, mantida pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo, com atuação em todo âmbito nacional, voltada prioritariamente para o bem-estar social dos seus empregados e familiares, porém aberto à comunidade em geral. Atua nas áreas da educação, saúde, lazer, cultura e assistência. Foi criado no dia 13 de setembro de 1946. Pelo Decreto-Lei n° 9.853, o Presidente Eurico Gaspar Dutra autoriza a Confederação Nacional do Comércio criar o Serviço Social do Comércio – SESC (Fonte: wikipedia). [1]

No dia 30 de outubro de 1948, Dia do Comerciário, foi inaugurada a Colônia de Férias Ruy Fonseca, projetada pelo engenheiro Prestes Maia, com 28 casas pré-fabricadas e mobilhadas que acomodavam 200 hóspedes, de modo a permitir aos comerciários uma recuperação física em clima propício e ambiente agradável. O SESC possui um sistema próprio de abastecimento de água e, quando inaugurado, também tinha sistema de iluminação próprio. Tem um amplo parque esportivo, com campos de futebol e quadras de vôlei, basquete e tênis. Conta com um ginásio de esportes, auditório, biblioteca, cafeteria, restaurante, lanchonete, sala de leitura e televisão e uma capela. Possui cinema, teatro, barbearia, farmácia, médico, dentista.

[1] Fonte: Wikipédia

Correio Paulistano – Anúncio publicado em 30/10/1948

O SESC Bertioga é o único do Estado de São Paulo que é uma Colônia de Férias, atuando na área de hotelaria. Também é o único do Estado que não é aberto para visitação. Para o acesso, só há duas maneiras: hospedando-se ou comprando um ingresso para passar o dia. O SESC Bertioga também disponibiliza vários cursos e programas educacionais gratuitos, além de ter vários projetos como shows e teatros para o público[1].

Este empreendimento gerou diversos empregos para Bertioga e desde a sua inauguração sempre teve um peculiar cuidado com a preservação do meio ambiente e o respeito às tradições e costumes das famílias que residiam na Vila de Bertioga.

[1] Fonte: Wikipédia

Construtores do SESC: jangada de madeira trazendo caminhão e materiais de construção – 1947

Construtores do SESC – 1947

SESC – 1948.

SESC – 1950.

SESC – 1949: as casas foram erguidas com plataformas (paredes e telhados) desenvolvidos pela “Eternit”. Novidade para a época.

SESC – 1960.

SESC – 1950.

Revista “O Cruzeiro” – 1949 – Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres

Revista “O Cruzeiro” – 1949 – Sorveteria do SESC

Porém, somente no ano de 1989 foi inaugurado seu parque aquático, com três grandes piscinas.

Piscinas do SESC, inauguradas em 1989.

Esse empreendimento, embora particular, tem um compromisso singular com o interesse social e ambiental de Bertioga. A população manifesta sentimento de orgulho por ter a Colônia de Férias do SESC. Em diversas oportunidades, esteve acessível aos moradores, gratuitamente, para torneios esportivos, sessões de cinema com os alunos da rede pública de ensino, além de eventos de gestão pública.

Primeiro condomínio – 1949

O Edifício Sylvia Mara foi o primeiro condomínio construído em Bertioga. O projeto e a construção foram executados em 1949 pelo engenheiro Silvio Rodrigues, que também foi Subprefeito de Bertioga. Era um projeto arrojado para a época. O prédio está localizado na Rua Irmãos Adorno, nº 53, no Centro de Bertioga, próximo à praia.

Edifício Sylvia Mara. Foto dos arquivos da Prefeitura de Santos.

Imagem do Google Earth. Foto de 2011.

Colônia de Férias para Menores – 1949

Francisco Quartim Barbosa era um visionário para a época. Em 1949 foi construída a Colônia de Férias para Menores, sendo que toda a mão de obra empregada era dos próprios internos do Serviço Social de Menores, que dirigidos e orientados, edificaram sua própria casa de veraneio. Eram menores abandonados ou desajustados, que precisavam ser educados para reintegração à sociedade.

O prédio tinha capacidade para 50 menores, com amplo espaço de refeitório e camas desmontáveis, novidade para a época, o que permitia um aproveitamento ainda maior dos espaços internos durante o dia.

Na época, dizia Francisco Quartim Barbosa que lamentava aqueles que não conseguiam compreender o trabalho de laborterapia desenvolvido, com ótimos resultados. A laborterapia é tratamento de doenças psicoemocionais através do trabalho, terapia ocupacional. Para Francisco Quartim Barbosa a incompreensão em relação aos menores devia ser afastada, pois se fossem convenientemente orientados, jamais seriam internados. O objeto era reeducar os menores e poupar despesas aos cofres públicos do Estado.

No dia 25 de julho de 1949 visitaram Bertioga os participantes do “Congresso Pan-Americano de Assistência Social à Infância”, acompanhados dos doutores Vieira de Melo e Ferraz Sales. Eles estavam percorrendo diversas localidades do país que apresentavam políticas de assistência social mais avançada sobre menores e incluíram Bertioga em seu roteiro. Na ponte, ao desembarcarem, foram recepcionados pela população mais representativa de Bertioga e por uma banda infantil, “cujos participantes mal podiam carregar o peso dos seus instrumentos”, noticiava o Correio Paulistano. No decorrer da visita, fez uso da palavra o Dr. Francisco Quartim Barbosa, “que interpretou o sentimento de gratidão do povo de Bertioga pelo acontecimento, o qual vinha trazer a todos o testemunho do esforço e a abnegação do grupo de senhoras e senhoritas que lutam em prol de melhor amparo à criança”. Foi servido ao grupo de visitantes um churrasco na Colônia de Férias do SESC, e para demonstrar o prestígio da visita, veio de São Paulo o Deputado Dr. Brasílio Machado Neto, que nesta época era o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. 

Ao retornarem para São Paulo, no final da tarde, foram novamente prestigiados de forma carinhosa, com demonstrações de apreço pela população presente.

Dr. Brasílio Machado Neto

Novo Subprefeito: Miguel Lourenço – 1949

O novo Subprefeito de Bertioga é Miguel Lourenço, tomando posse no dia 11 de abril de 1949, no Paço Municipal de Santos. Foi nomeado pelo Prefeito Álvaro Rodrigues dos Santos.

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