Expedição de Martim Afonso de Sousa - 1530

Após Dom João III se tornar Rei de Portugal, em 1521, Martim Afonso de Sousa ficou responsável por organizar e comandar a primeira expedição de colonização destinada ao Brasil.

Quem escolheu Martim Afonso de Sousa para chefiar a expedição foi Dom Antônio de Ataíde, o 1º Conde de Castanheira, seu primo-irmão, que reunia amplos poderes em Portugal. Dom Antônio de Ataíde era um estadista português, especializado em finanças. Era o principal conselheiro do Rei para os assuntos gerais de governo, além de controlar a receita e despesa da Coroa Portuguesa. Na infância, Dom Antônio de Ataíde foi o melhor amigo daquele que seria o futuro Rei de Portugal, Dom João III.

Martim Afonso de Sousa nasceu em Vila Viçosa, em 1500 e faleceu em Lisboa no ano de 1564. Era um nobre, militar, administrador colonial. Ele descendia de parentes da família real portuguesa.

Martim Afonso de Sousa, nobre português. Foi o primeiro donatário da Capitania de São Vicente. Permaneceu no Brasil de 1531 a 1533. Em 1533, Antônio de Ataíde nomeia Martim Afonso de Sousa para o cargo de Capitão-mor do Mar da Índia e em 1542 é nomeado Vice-Rei da Índia.

 

Dom João III, Rei de Portugal. Reinado de 1521 a 1557. Herdou um rico e vasto império. Deu continuação a política de descobrimento e colonização, além de ter estabelecido relações diplomáticas. O seu governo, porém, entro em crise financeira, com um a despesa maior do que a arrecadação, especialmente diante dos casos de corrupção.

 
Houve um longo período de preparativos para a viagem, escolhendo as melhores embarcações, separando os mantimentos e ferramentas que seriam levados, bem como a equipe de navegação, combate e exploração. Partiram de Lisboa, em Portugal, em direção ao território brasileiro no dia 03 de dezembro de 1530 com o intuito de explorar, reconhecer e defender a costa brasileira de possíveis incursões de outros povos da Europa. A missão atribuída por Dom João III, chamado de “O Colonizador”, era clara: combater os piratas e contrabandistas, penetrar nas terras (na direção sul – Costa do Ouro e da Prata) para procurar metais preciosos e estabelecer núcleos de povoamento no litoral.
A mais antiga representação do Porto de Lisboa. “Crónica de Dom Afonso Henriques”, publicado em 1505, por Duarte Galvão (1446–1517). Museu dos Condes de Castro Guimarães, Cascais.
Organizaram-se em cinco navios com 400 colonos e tripulantes, que trouxeram sementes de cana-de-açúcar, instrumentos agrícolas, mudas de plantas e animais domesticados. Com Martim Afonso de Sousa, veio seu irmão Pero Lopes de Sousa, além de vários membros da nobreza.
A expedição de Martim Afonso de Sousa era formada de cinco embarcações a vela, formada por mais de 400 pessoas.

m ao Brasil, no Cabo de Santo Agostinho (Pernambuco), em 31 de janeiro de 1531.

Segundo relatos de Pero Lopes de Sousa, a expedição interceptou naus francesas, chegando a apreender uma “com muita artilharia e pólvora, toda abarrotada de pau-brasil”. No dia 30 de abril de 1531, após deixar alguns tripulantes na região de Pernambuco, escreveu em seu Diário de Navegação que a expedição tinha alcançado o Rio de Janeiro. Por ali permaneceram por três meses.

No dia 1º de agosto de 1531, Pero Lopes de Sousa registrou em seu Diário de Navegação a partida da frota do Rio de Janeiro em direção ao Rio da Prata (no desague das águas do Rio Paraná e Uruguai), em busca dos tesouros da civilização Inca.

No trajeto da expedição, há diversas interpretações sobre o que teria ocorrido no litoral do Estado de São Paulo. Pode ser que Martim Afonso de Sousa, antes de chegar ao Rio da Prata, tenha aportado em Bertioga e realizado a “Conferência de Bertioga”, para que, após o seu retorno, pudesse fundar a Vila de São Vicente. Também é possível que ele tenha passado direto pelo litoral de Bertioga e, após o percurso até o Rio da Prata, retornaram pela costa e aportaram no território em Bertioga para a realização da “Conferência”.

De acordo com a interpretação de Francisco Martins dos Santos, o mais provável é que tenha ocorrido a atuação de Pero Capico e Henrique Montes, além de outros, como Antônio Ribeiro. Eles viviam na região de São Vicente e tinham grande influência com a população indígena, especialmente os “tapanhunhos” e os “maramomis” e devem ter conseguido mensageiros até os campos de João Ramalho, convocando-o para a “Conferência de Bertioga”, assim como Antônio Rodrigues, que vivia no povoado de São Vicente.

Pero Capico foi Capitão do povoado de São Vicente, de 1516 até 1526, subordinado a influência do Bacharel de Cananéia. Depois, retornou para Portugal e foi substituído por Antônio Ribeiro. Pero Capico retorna ao Brasil em 1531, na expedição de Martim Afonso de Sousa, na função de escrivão.

Henrique Montes viveu em São Vicente atuando no tráfico de indígenas escravizados. Retornou para Portugal quando se desentendeu com o Bacharel de Cananéia pela posse de uma ilha para que servisse como prisão aos indígenas da tribo Jurubatuba. Veio novamente ao Brasil em 1531, com a expedição de Martim Afonso de Sousa, na função de prático. Foi morto durante a Guerra de Iguape, pelas forças organizadas por Franciso de Chaves (ou Francisco Chaves), que apoiavam o Bacharel de Cananéia.

Antônio Ribeiro era Capitão da Feitoria ou Capitania de São Vicente, desde 26 de outubro de 1528, como sucessor de Pero Capico.

Antônio Rodrigues era um náufrago, possivelmente degredado, um dos primeiros portugueses a viver em São Vicente, aliado e subordinado ao Bacharel de Cananéia, Mestre Cosme Fernandes. Provavelmente ele era um dos tripulantes da Armada de Francisco de Almeida de 1493. Mas há autores que dizem ter chegado em 1502, 1503 ou 1508. Era sócio de João Ramalho no tráfico de indígenas escravizados. Antônio Rodrigues teve vida marital com uma das filhas do Cacique Piquerobi.

E o mais importante de todos eles, João Ramalho, um português que já estava no Brasil antes da chegada de Martim Afonso de Sousa. Não se sabe ao certo o motivo da vinda dele ao Brasil, como náufrago, aventureiro ou degredado. Conheceu os Tupiniquins e ficou próximo do Cacique Tibiriçá, importante liderança indígena no Planalto Paulista. Por causa da aproximação, terminou se casando com uma das filhas do Cacique Tibiriça, Bartira. Em função dessa união, João Ramalho passou a exercer grande influência entre os nativos.

Uma interpretação possível é que Martim Afonso de Sousa tenha aportado na Barra de Bertioga e ali passado a ordem à João Ramalho para que avisasse o Mestre Cosme Fernandes Pessoa, o Bacharel de Cananéia, que ele deveria abandonar o povoado de São Vicente, em paz.

Após sua primeira passagem por Bertioga, a expedição de Martim Afonso de Sousa seguiu em direção ao litoral sul, em busca de ouro e prata.

Segundo uma das interpretações, quando Martim Afonso de Sousa chegou em Marataiama (Cananéia), em 12 de agosto de 1531, enviou para a terra Pedro Annes, que falava a língua nativa. Após cinco dias, ele retorna com o Bacharel de Cananéia, seu genro Francisco de Chaves e mais seis espanhóis. No encontro, Martim Afonso de Sousa tratou o Bacharel como um Chefe de Estado e doou-lhe uma sesmaria. Ficou acordado que Martim Afonso de Sousa fornecesse homens e armas para que o pessoal do Bacharel trouxesse, em dez meses, ouro, prata e mais 400 indígenas escravizados.

Segundo a “Revista Superinteressante”, em 1524 houve a descoberta da trilha do Peabiru. Acompanhado de alguns náufragos como ele e centenas de carijós, Aleixo Garcia viajou cerca de 2.600 quilômetros a pé e de canoa, abrindo para os europeus o Peabiru (Caminho de São Tomé), uma vasta rede de trilhas indígenas que ligava o litoral brasileiro ao Rio Paraguai. Desbravou florestas e pântanos e enfrentou nativos hostis. Depois de um ano e meio chegou a Cochabamba, na Bolívia, a 150 quilômetros da mina de prata de Potosí, hoje esgotada. Descobriu o império do Rei Inca Huayna Capac, guerreou contra tribos sob o seu domínio e saqueou peças de ouro. Embora Aleixo Garcia e seus homens tenham sido mortos antes de retornar, mensageiros voltaram a Santa Catarina e confirmaram os relatos indígenas. Da Europa, foram mandadas expedições para refazer esse caminho. A expedição de Martim Afonso de Sousa se interessou pela possibilidade de acessar o Império Inca por um caminho mais fácil, sugerido pelo Bacharel de Cananéia.

Assim sendo, Pero Lobo, da expedição de Martim Afonso de Sousa e seus homens, mais Francisco de Chaves e seus homens, adentraram na mata com o objetivo de atacar o Império Inca que se localizava à 2.000 quilômetros dali. Eles seguiram uma trilha chamada de Caminho do Peabiru. Nunca mais foram vistos. Triste fim para todos os que investiram nessa empreitada, pois foram massacrados pelo Povo Payaguá.

Com a morte de Pero Lobo na tentativa de chegar a Potosi, Pero de Góis, também da esquadra de Martim Afonso de Sousa, mandou o Bacharel de Cananéia se entregar e prestar obediência à Coroa Portuguesa.

O Bacharel abandonou o sítio de São Vicente e retornou à Cananéia.

Martim Afonso de Sousa volta para a Barra de Bertioga em dezembro de 1531 para ir em direção à São Vicente, fundando a Vila em 22 de janeiro de 1532.

Porém, o Bacharel de Cananéia não se entregou e não reconheceu a região como sendo de domínio português. Ameaçado de pena de morte, não teve dúvida, reuniu 200 homens, armamentos de um navio francês que aportara em Cananéia e, protegido por uma trincheira e homens escondidos nos manguezais na barra do Icapara (atual cidade de Iguape), esperaram a chegada dos portugueses que vieram pelo mar e foram emboscados. Foi uma luta sangrenta, onde Pero de Góis saiu ferido e muitos morreram. O evento ficou conhecido como Entrincheiramento de Iguape.

Algum tempo depois, o Bacharel de Cananéia e seus homens partiram embarcados em um navio francês para atacar a Vila de São Vicente, onde apenas um terço dos habitantes sobreviveu. Foi a chamada Guerra de Iguape. O fim do misterioso Bacharel de Cananeia também é incerto. Sabe-se que ele, depois de massacrar a Vila de São Vicente, voltou para Cananéia e expandiu seu domínio na região.

Martim Afonso de Sousa retornou para Portugal e a Vila de São Vicente prosseguiu como um importante centro econômico da colônia.

Segundo o site “Info Escola”, em 1533, Martim Afonso de Sousa voltou a Portugal e, um ano depois, após ganhar nomeação de Capitão-mor do mar das Índias, passou a defender as feitorias de Portugal, que estavam constantemente sendo atacadas por corsários e tripulações de outros países. Desta forma, tornou-se um líder e organizou com êxito várias operações de cunho militar. Martim Afonso de Sousa tornou-se Vice-Rei das Índias no ano de 1542. Um ano depois, voltou para seu país de origem e tornou-se importante personalidade nas decisões do conselho de Portugal. Porém, segundo a opinião de alguns historiadores, dentre eles Eduardo Bueno, ele foi obrigado a se afastar de cargos públicos, pois, naquela época, estava sendo acusado de enriquecer de forma ilícita (corrupção).