A origem do nome Bertioga

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A origem do nome Bertioga

Ao longo dos tempos, surgiram quatro interpretações para a origem do nome Bertioga: a) morada de mosquitos; b) casa feita de palmeira; c) morada de macacos; d) refúgio das tainhas.

Na interpretação do jornalista e historiador Leonardo Arroyo, o nome vem de “Bariguioca”, do mosquito “barigui”, “birigui” ou “marigui”, o mosquito dos pântanos, conhecido como “mosquito pólvora”, um inseto abundante na região. Com o tempo e a evolução das palavras, o nome passou a ser Bertioga.

Já Luiz Caldas Tibiriça, especialista em línguas indígenas na América do Sul, em seu “Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi”, menciona Bertioga como a casa feita de palmeira. Buriti é uma espécie de palmeira, muito frequente na região. Oca é morada. Buriti-oca (Buritioca/Bertioga).

Para Francisco Martins dos Santos, em “Bertioga, histórica e legendária”, publicada em 1948, e escrita com base na obra “Memórias para a história da Capitania de São Vicente”, de Frei Gaspar da Madre de Deus, obra publicada em 1797, o nome Bertioga significa morada dos macacos. Segundo essa interpretação, Hans Staden, a partir do que ouviu dos indígenas, escreveu o nome “Brikioka”. Na verdade, a grafia correta, respeitando o Tupi, seria “Buriquioca”, nome que aliás é adotado em um documento oficial que transfere em 1566 essas terras para Domingos Garocho.

O nome “Buriquioca” teria origem no pequeno morro da Vila, o Morro de Buriquioca, conhecido atualmente como Morro das Senhorinhas, por ser o local de repouso do “buriqui”, uma espécie de macaco grande, que durante o dia coletava frutos e palmitos nas terras baixas, recolhendo-se a noite para repousar no lugar mais alto, o morro. Com o tempo, os portugueses e colonos foram deturpando o nome até transformá-lo de “Buriquioca” em “Bertioga”.

Eduardo de Almeida Navarro, em seu “Dicionário de Tupi Antigo”, também considera que o termo “byryki”, “buriquim” ou “buriqui” refere-se a uma espécie de macacos, dando origem ao nome Bertioga.

Divergindo dessa interpretação, Teodoro Sampaio, o maior intelectual e estudioso do “tupi” brasileiro, em seu livro “O Tupi na Geografia Nacional”, publicado em 1901, considerava que a tradução da obra de Hans Staden foi realizada de modo equivocado. Para Teodoro Sampaio, as grafias primitivas da palavra Bertioga vinham de “Britioca”, ”Bartioga”, “Piritioga”, “Beritioga” ou “Bertioga” e todas resultavam em uma mesma origem comum: “Pirati-oca”, o refúgio ou paradeiro das tainhas. Segundo o autor, o próprio Hans Staden, em sua clássica obra, escreveu “Bratti”, referindo-se ao que os portugueses chamavam de tainha. Assim “Bratioca” ou “Bertioga” vem do mesmo elemento aglutinado: “Brati” ou “Berti” (tainha) e “oca” ou “oga” (casa, refúgio, paradeiro). Teodoro Sampaio disse que a característica do local confirma a interpretação, pois o Canal de Bertioga sempre possuiu grandes cardumes de tainhas que vinham reproduzir nos manguezais. Hans Staden se referiu a pesca de tainhas, como um momento perigoso para sair da casa fortificada pois os Tupinambás poderiam atacar. E por isso, a posse dessas terras eram disputadas. Clóvis Chiaradia, em seu “Dicionário de Palavras Brasileiras de Origem Indígena”, adota a mesma interpretação.

De fato, Bertioga tem muito “mosquito pólvora”, especialmente nas áreas próximas aos mangues e rios. Também é historicamente sabido que as tainhas sempre entravam em abundância para desovar nos mangues do Canal de Bertioga. Por isso mesmo, para a população, é mais simples aceitar as interpretações de Leonardo Arroyo (morada de mosquitos) e Teodoro Sampaio (refúgio de tainhas), do que a defendida por Francisco Martins dos Santos (morada dos macacos), pois essa espécie de primata (o “buriqui”) já desapareceu da Vila de Bertioga há muitos séculos.

Entretanto, a teoria mais aceita e amplamente divulgada é a que considera o nome Bertioga como “morada dos macacos”, pois Hans Staden, que viveu ali no início do século XVI, ouviu essa versão dos indígenas, transcreveu e publicou isso em 1557, no seu célebre livro “Duas Viagens ao Brasil”.

Há também outros nomes de origem tupi que identificam alguns bairros de Bertioga: Itapanhaú (caminho das pedras); Indaiá (amêndoas ou cocos caídos); Itaguaré (pedra sagrada/pedra rachada); Guaratuba (sítio das garças); Boracéia (pedra próxima ao local destinado a danças rituais); Caiubura (cachoeira cercada/fechada); Itatinga (pedra branca); Jaguareguava (lugar onde a onça bebe água).

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