A Vila de Bertioga - 1950
A década de 1950 é marcada na Vila de Bertioga pelo início do serviço de travessia de balsas, o que permitiu que veículos automotores cruzassem o Canal de Bertioga. Os condutores desses veículos traziam suas famílias, bagagens e até animais domésticos. A chegada à Bertioga ficava mais simples e, consequentemente, atraiu mais visitantes e novos moradores. O comércio também foi beneficiado, tornando-se possível o transporte de mercadorias pela estrada, vinda diretamente de Santos ou de São Paulo.
As fotos da década de 1940 e as fotos da década de 1950 revelam uma profunda mudança na estética das edificações da Vila de Bertioga. As casas e os estabelecimentos comerciais deixam de ter suas paredes emboloradas pela ação da umidade e do tempo, e passam a ser pintadas e permanentemente cuidadas e embelezadas. Mas as casas ainda continuaram iluminadas pelos lampiões, pois a energia elétrica somente viria na próxima década, obstáculo a ser vencido para o desenvolvimento social e econômico de Bertioga.
Casa de Orestes do Amparo, filho de Sebastião Alexandre do Amparo
Fundos da casa de Orestes do Amparo, filho de Sebastião Alexandre do Amparo
Avenida Vicente de Carvalho, entre a Avenida Anchieta e a antiga escola – terras de João Sabino Abdalla – 1955
Avenida Vicente de Carvalho, entre a Avenida Anchieta e a antiga escola – terras de João Sabino Abdalla – 1955
Avenida Vicente de Carvalho – A Viga-Mestra – A venda de João Sabino Abdalla – O alojamento da “Santense” – 1955
Em 1959, João Sabino Abdalla em frente a “venda”, de camisa branca, e ao lado Antônio Luiz Lanari do Val, um dos donos das terras de Guaratuba, que deram origem aos condomínios, loteamentos e outros empreendimentos imobiliários que muito contribuíram no desenvolvimento da cidade.
Avenida Vicente de Carvalho – O alojamento da “Santense” e a “venda” de Epiphânio Batista (Faninho) – 1955
Avenida Vicente de Carvalho – A “venda” de Elias Nehme – 1955
Avenida Vicente de Carvalho – A “venda” de Elias Nehme e a “venda” de Miguel Bichir – No canteiro central, o eucalipto “anão” – 1955
Avenida Vicente de Carvalho – A “venda” de Miguel Bichir – O açougue de Orivaldo Camargo – A casa de Cândida Valentina dos Santos (Dona Candinha) – 1955
Casa de Dona Candinha, mãe de João Rosendo (um dos fundadores do Bertioga Futebol Clube), avó de Pinguim (servidor público de Santos). Foto da década de 1950.
Casa de Epiphânio Batista (Faninho), em foto da década de 1950.
Avenida Vicente de Carvalho – A residência da família Batista – 1955
Propriedade de Mário Tancredo (década de 1950)
Casa residencial de Mário Tancredo (década de 1950)
Casa de Rosendo Vicente dos Santos (década de 1950). Ele era casado com Maria Antonia de Jesus. São seus filhos: Manoel, Alzira e Hilda.
Casa de Antônio Lourenço do Rosario
Terras de Izidro Jorge, ao lado do campo do Bertioga Futebol Clube (década de 1950)
Avenida Vicente de Carvalho – A residência de Afonso Paulino, com suas grandes janelas, e, ao lado direito, a Padaria São João da Barra – 1955
Rua Domingos Pires, esquina com a Praça Armando Lichti – 1955
Rua Domingos Pires, sentido Rua Júlio Prestes – 1955
Rua Júlio Prestes, no centro de Bertioga, em foto de 1951: a Igreja São João Batista, erguida no início da década de 1940.
Forte São João. Plataforma de armas. 1952. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
Forte São João. 1952. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
Rua Júlio Prestes, em 1952, durante uma comemoração de carnaval. Do lado esquerdo da imagem é o “Bar, Restaurante e Armazém Mar e Terra”, de Elias Nehme. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
Foto registrada em 1952, a partir da lancha da Santense, partindo da ponte. Foto publicada em “Mapas Fotográficos: memória familiar, sociabilidade e transformações urbanas em São Paulo”, de Alexandre Araujo Bispo. Tese. Dissertação Universidade de São Paulo – USP.
“Ruínas de Bertioga” é um documentário filmado em 1950, produzido, dirigido e narrado por Alceu Maynard Araújo. O roteiro é de Adhemar Chaves, da Sociedade Geográfica Brasileira. É um curta-metragem com sete minutos de duração que tem como roteiro a partida de São Paulo pela Rodovia Anchieta, passando pela estação das lanchas da Santense no cais do Paquetá, em Santos, até chegar em Bertioga, onde são destacados os cenários que compunham o trecho compreendido entre o Forte São João e a ponte de atracação. O que teve grande destaque e foi motivo de alerta foi a necessidade de restauração do patrimônio histórico de Bertioga: o Forte São Luís, a Ermida de Santo Antônio do Guaíbe e a Armação das Baleis. Alertava que um dos patrimônios de Bertioga foi destruído por uma ressaca de 1926. Estava se referindo ao campo santo (cemitério), que possuía a Capela de São Joao Batista e que em 1950 não existia mais, nem as ruínas, porque no lugar estava a Escola Isolada Vicente de Carvalho. Já o Forte São João estava recentemente restaurado (1942), mas não tinha a conservação necessária e apenas oito anos depois já estava em parcial estado de abandono.
Alceu Maynard Araújo nasceu em Piracicaba em 1913 e faleceu em 1974. Foi escritor e estudioso do folclore brasileiro. Foi professor da “Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo” (USP) e da “Universidade Presbiteriana Mackenzie”. Produtor, editor e narrador do documentário “Ruínas de Bertioga”, filmado em 1950.
Em 1964, foi eleito para a Academia Paulista de Letras.
A rodovia Anchieta foi inaugurada em 1947 e isso contribuiu para impulsionar o turismo no litoral paulista. O documentário “Ruínas de Bertioga”, apresenta vários trechos com as pistas e túneis recém-inaugurados, na viagem em direção à Bertioga em 1950. Foto da Rodovia Anchieta da época da inauguração.
A rodovia Anchieta foi inaugurada em 1947 e isso contribuiu para impulsionar o turismo no litoral paulista. O documentário “Ruínas de Bertioga”, apresenta vários trechos com as pistas e túneis recém-inaugurados, na viagem em direção à Bertioga em 1950. Foto extraída por Jamilson Lisboa Sabino a partir do filme “Ruínas de Bertioga”. Imagem arquivada na Cinemateca brasileira e cedida para “História de Bertioga”.
O Forte São João em 1950. Foto extraída por Jamilson Lisboa Sabino a partir do filme “Ruínas de Bertioga”. Imagem arquivada na Cinemateca brasileira e cedida para “História de Bertioga”.
Margens do Canal de Bertioga, ainda sem o cais em 1950, na altura da Rua Irmãos Braga. A ponte de atracação das lanchas da Santense ao fundo da imagem. Foto extraída por Jamilson Lisboa Sabino a partir do filme “Ruínas de Bertioga”. Imagem arquivada na Cinemateca brasileira e cedida para “História de Bertioga”.
Margens do Canal de Bertioga, sem o cais em 1950, na altura da Rua Júlio Prestes e ao lado da ponte de atracação. Forma-se uma prainha. Foto extraída por Jamilson Lisboa Sabino a partir do filme “Ruínas de Bertioga”. Imagem arquivada na Cinemateca brasileira e cedida para “História de Bertioga”.
Margens do Canal de Bertioga, sem o cais em 1950, em frente o Parque dos Tupiniquins. É possível visualizar algumas canoas e mais ao fundo os ranchos de pesca (cabanas). Foto extraída por Jamilson Lisboa Sabino a partir do filme “Ruínas de Bertioga”. Imagem arquivada na Cinemateca brasileira e cedida para “História de Bertioga”.
A ponte de atracação e uma das lanchas da Santense na sua extremidade. Há um barco, possivelmente de passeio, atracado lateralmente. Foto extraída por Jamilson Lisboa Sabino a partir do filme “Ruínas de Bertioga” (1950). Imagem arquivada na Cinemateca brasileira e cedida para “História de Bertioga”.
Isaac de Oliveira é nomeado Subprefeito - 1951
Isaac de Oliveira assume como Subprefeito do Distrito de Bertioga em 1951. Era funcionário público da Prefeitura de Santos. Isaac de Oliveira também foi Vereador de Santos. Permaneceu no cargo de Subprefeito até a sua substituição por Silvio Rodrigues em 1953.
Isaac de Oliveira nasceu em 1908 e faleceu aos 87 anos no dia 26 de julho de 1995 em Santos. Era filho de Alfredo Alves de Oliveira e Eulalia Celestina da Costa. São seus filhos: Marco Antonio, Luiz Carlos e Yara de Oliveira.
Silvio Rodrigues é nomeado Subprefeito - 1953
O Prefeito de Santos, Antonio Ezequiel Feliciano da Silva nomeou no dia 10 de maio de 1953 Silvio Rodrigues para o cargo de Subprefeito de Bertioga, em substituição a Isaac de Oliveira. A gestão de Silvio Rodrigues terminou no dia 24 de abril de 1957.
Oficialização do primeiro sistema viário de Bertioga - 1953
O primeiro ato normativo a denominar um logradouro público em Bertioga foi a Lei nº 1137, de 14 de setembro de 1950, que autorizou o Poder Executivo “dar à uma rua, avenida ou praça do Distrito de Bertioga, no Município de Santos, o nome de Armando Lichti”. O local escolhido foi a praça que faz cruzamento com as ruas Irmãos Braga, Irmãos Adorno, João Ramalho, Pascoal Fernandes e Domingos Pires.
Armando Lichti foi cônsul da Venezuela em Santos. Entre as décadas de 1930 e 1940 foi um dos grandes incentivadores dos eventos de resgate à história de Bertioga. Esteve sempre presente nas demandas por melhorias sociais para a população. Instalou a Granja Zilá, uma chácara para fins recreativos, na década de 1940, onde hoje é o Parque dos Tupiniquins. Marido da Professora Alzira Martins Lichti e pai de Fernando Martins Lichti.
Em 1953, pela Lei nº 1460, Santos denomina a rua que contornava a orla do Canal de Bertioga de Avenida Vicente de Carvalho.
Foi em homenagem ao santista Vicente Augusto de Carvalho, que por diversas vezes visitando Bertioga e morando por um curto período no Indaiá, usava com frequência o serviço de travessia de lanchas, instalado em frente à rua que no futuro receberia seu nome.
Vicente de Carvalho
Antes de receber a denominação de Avenida Vicente de Carvalho, o Engenheiro Carlos Lang planejou em 1942 o seu alargamento. O projeto foi executado posteriormente pelo Subprefeito Silvio Rodrigues, entre 1953 e 1954. O alargamento resultou na abertura de ruas de terras largas, com um imponente canteiro central. É nessa época que são plantados os coqueiros no canteiro central. A pavimentação somente foi executada em 1971. Contribuíram para o alargamento da avenida Armando Lichti, a família Besser, Miguel Seiad Bichir, Miguel Arcanjo, entre outros, doando suas propriedades ao Município, tornando possível que o projeto desenvolvido pelo ilustre Engenheiro Carlos Lang fosse executado. Carlos Lang também foi Subprefeito de Bertioga e é conhecido em Santos por ser o Diretor de Obras da Prefeitura, na época em que este órgão criou as “muretas de Santos”, em 1941.
Além da Avenida Vicente de Carvalho, foi no mesmo ato legislativo dada a denominação de outras ruas e avenidas compondo o sistema viário oficial de Bertioga. Assim, a Lei nº 1460, de 1953 oficializou as seguintes ruas e avenidas:
Rua Dr. Julio Prestes
Graduado pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi Governador do Estado de São Paulo e Presidente da República eleito, mas impedido de tomar posse em razão da Revolução de 1930.
Rua da Saudade
É a antiga rua que dá acesso ao cemitério inaugurado em 1935.
Rua Irmãos Braga
Refere-se aos cinco filhos de Diego de Braga, primeira família de brasileiros a residir em Bertioga e construtores da fortificação de 1547, dando origem ao povoado de Bertioga. Eram filhos de Diego de Braga: João de Braga, Diogo de Braga, Domingo de Braga, Francisco de Braga e André de Braga.
Rua Irmãos Adorno
Diz respeito aos irmãos José Adorno, Francisco Adorno, Antônio Adorno, Rafael Adorno e Paulo Adorno. Era uma família de nobres genoveses. Foi a esquadra de Martim Afonso de Sousa que em 1530, a caminho do Brasil, passando pela Ilha da Madeira, embarca os irmãos Adorno, por ordem do Rei de Portugal. Eram especialistas no cultivo e beneficiamento da cana-de-açúcar. Sabiam administrar engenhos. Eram ricos e muito contribuíram para o desenvolvimento da região, entre as décadas de 1530 e 1560. José Adorno construiu a Ermida de Santo Antônio do Guaíbe e teve participação efetiva no fornecimento de embarcações para o Armistício de Iperoig e na expulsão dos franceses da Baía de Guanabara para fundação do Rio de Janeiro, em 1565. Antônio Adorno foi nomeado por ordem oficial do Governador Geral Thomé de Sousa, em 1550, Almoxarife (Administrador/Governador) da fortificação de Bertioga, possivelmente referindo-se a uma casa-forte mencionada por Hans Staden, que ficava onde futuramente seria erguido o Forte São Felipe/São Luís, na Ilha de Santo Amaro. Na história de Bertioga destacam-se José Adorno e Antonio Adorno, mas os demais irmãos e até mesmo netos foram patrocinadores de grandes ações da Coroa Portuguesa nas Capitanias de São Vicente e Santo Amaro.
Rua Domingos Pires
Português, um dos primeiros colonos proprietários de terras na Vila de Santos. É possível que em meados do século XVI tenha tentado estabelecer agriculturas em Bertioga para abastecimento das Vilas de Santos e São Vicente, mas que logo foram abandonadas, motivado pela violência dos ataques dos Tupinambás.
Rua Pascoal Fernandes
Português, viveu com sua família no Forte São Felipe (Forte São Luís), onde foi o chefe de artilharia na década de 1560. Trabalhou quando as duas fortificações estavam com as obras concluídas, em perfeito estado de conservação. Recebeu a concessão das terras que compreendiam as duas fortificações e o trecho de praia de Bertioga até São Sebastião.
Rua Pero Góes
Nobre português que acompanhava a esquadra de Martim Afonso de Sousa. Foi designado como responsável pela expulsão do Bacharel Mestre Cosme Fernandes de São Vicente. Dois anos depois, comandou a resistência ao ataque promovido por espanhóis à Vila de São Vicente. Pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa, o donatário da Capitania de São Vicente, Martim Afonso de Sousa, doou as terras que hoje formam Cubatão à Pero de Góes, em 15/10/1532.
Rua Jorge Ferreira
Foi Capitão-mor da Capitania de São Vicente, de 1556 até 1558 e de 1567 a 1572. Também foi Capitão-Mor da Capitania de Santo Amaro, de 1542 a 1557.
Rua Santa Cruz
Nome dado em homenagem a “santa cruz” da Igreja Católica. É o principal símbolo religioso do cristianismo, porque representa a estrutura usada para a crucificação de Jesus Cristo.
Rua Capitão Morais
Francisco de Morais, foi Capitão-mor da Capitania de São Vicente, de 1558 até 1561.
Rua Gonçalo da Costa
Nobre português, nasceu em 1490 e viveu em São Vicente de 1510 a 1532, casado com uma das filhas do Bacharel Mestre Cosme Fernandes.
Rua Pires Cubas
João Pires Cubas, português, pai de Brás Cubas, veio para o Brasil para cultivar as terras recebidas pelo seu filho. Veio antes dele, em 1537, e Brás Cubas chegou ao Brasil, vindo de Portugal, em dezembro de 1540. Os historiadores revelam que João Pires Cubas era um agricultor instalado inicialmente em Santos, mas pelos constantes ataques dos Tamoios, logo se mudou para São Vicente. O seu filho, Brás Cubas, é considerado o fundador de Santos.
Rua Aleixo Garcia
Foi um navegador e explorador português que em 1524 organizou uma expedição que partiu do Porto de Patos, em Santa Catarina, em direção ao alto do Peru, para saquear as riquezas da civilização Inca. Achou o que procurava, mas no caminho de volta pelo Rio Paraguai, foram atacados e mortos pelos violentos Paiaguás, inclusive o próprio Aleixo Garcia. Canoeiros por excelência, repeliam todos que passavam por suas terras. Essa rota descoberta por Aleixo Garcia foi posteriormente utilizada, sem êxito, por Martim Afonso de Sousa.
Avenida Anchieta
Em homenagem ao Padre José de Anchieta, responsável pela catequização dos Tupiniquins e pela tentativa de estabelecer a paz entre os portugueses e os Tupinambás. José de Anchieta foi uma das pessoas mais importantes do Brasil, nas décadas de 1560 e 1570. Teve um papel estratégico na colonização. Trabalhou para que nenhum indígena fosse escravizado. Entretanto, alguns autores hoje discutem que a catequização eliminou a cultura indígena ao impor como verdade a cultura do europeu. Além disso, o acordo de Iperoig, do qual participou José de Anchieta, foi descumprido pelos portugueses e os Tamoios/Tupinambás foram exterminados.
Rua Mestre Pessoa
A Câmara Municipal de Santos, a Prefeitura de Santos e a Fundação Arquivo e Memória de Santos não conseguiram localizar o processo administrativo que deu origem ao nome das ruas, para que fosse possível entendermos os motivos apresentados na época para esta homenagem. Segundo o Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente “Mestre Pessoa” é o “Cosme Mestre Pessoa”, conhecido como o Bacharel de Cananéia “Mestre” Cosme Fernandes “Pessoa”. Era um degredado, condenado por algum crime grave em Portugal e banido para o Brasil. Uma das teorias é que foi deixado em Cananéia por Gaspar de Lemos e Américo Vespúcio na expedição exploradora de 1501. O Bacharel, por volta de 1510, invadiu o primitivo povoado de São Vicente, onde construiu um estaleiro e um porto de tráfico de escravos indígenas, tornando São Vicente o maior abastecedor da costa brasileira, especialmente dos navegadores que se dirigiam para o sul. Martim Afonso de Sousa, chegando para colonizar o Brasil, investido por Dom João III de todos os poderes, trazia a determinação de expulsar “Mestre Pessoa” de São Vicente, para instalar ali a sede do governo do Brasil. Foi na “Barra de Bertioga”, no “sítio de Bertioga”, onde atualmente está o Forte São João e o Parque dos Tupiniquins, que Martim Afonso de Sousa realizou a “Conferência de Bertioga”, no ano de 1531, com a presença de João Ramalho e Antonio Rodrigues (moradores de São Vicente), transmitindo a ordem real de expulsão de “Mestre Pessoa” (o Bacharel) de São Vicente e seu retorno à Cananéia com toda a família e agregados, para que em seguida fosse fundada, oficialmente, a Vila de São Vicente, o que ocorreu em janeiro de 1532.
Rua João Ramalho
Nasceu em Portugal, em 1493, vindo a falecer em São Paulo em 1580. João Ramalho era um aventureiro português, que vivia entre os índios Tupiniquins. Foi designado por Martim Afonso de Sousa em 1531 para defender a entrada da Barra de Bertioga, protegendo a recém fundada Vila de São Vicente. Também atuou com Antonio Rodrigues nas negociações realizadas em Bertioga para a expulsão do Bacharel de Cananéia do povoado de São Vicente. João Ramalho apresentava-se como uma espécie de liderança, acolhida pela Coroa Portuguesa, com grande participação na expansão da região. Os indígenas inimigos, quando capturados, os vendia aos portugueses como escravizados.
Rua Capitão Pedroso
É Luís Pedroso de Barros, um bandeirante que em 1640, atendendo aos apelos que vinham de Salvador, na Bahia, reuniu um batalhão que foi até aquele local repelir os ataques holandeses.
Rua Gabriel Garcez
Gabriel Fernandes Garcez era na década de 1930 o morador mais antigo da Vila. Ele foi pescador e proprietário de alguns terrenos adjacentes ao atual Parque dos Tupiniquins (Forte São João).
Avenida Tomé de Souza
Militar e político português. Primeiro Governador Geral do Brasil, exercendo esse cargo de 1549 a 1553. Foi Tomé de Souza quem nomeou em 1550 Antonio Adorno como Almoxarife da fortificação de Bertioga. Na sua gestão houve a contratação de Hans Staden em 1553 para que trabalhasse como artilheiro na casa forte onde depois foi construído o Forte São Felipe/São Luís. Em 1º de junho de 1553 Tomé de Souza escreve carta ao Rei de Portugal, Dom João III, relatando as realizações que fez pelas Capitanias brasileiras durante sua administração como governador. Nesta carta ele comenta sobre a Vila de Bertioga, mencionando que o Rei havia mandado fazê-la e ele cumpriu essa providência e ainda realizou melhoramentos. É comum registros históricos de diferentes origens citarem Tomé de Souza com outra grafia, como Thomé de Sousa. A lei municipal escreveu como Tomé de Souza.
Rua Estevão da Costa
Cunhado de Martim Afonso de Sousa. Era proprietário das terras onde José Adorno construiu na década de 1560 a Ermida de Santo Antônio do Guaíbe.
Rua Rafael Costabile
Foi um expressivo empresário que instalou em Bertioga no ano de 1941 o “Lido Hotel”, que ficava localizado na Avenida Tomé de Souza, na esquina com a citada Rua Rafael Costabile. Também foi um importante investidor imobiliário e incentivador do desenvolvimento de Bertioga.
Rua Antonio Rodrigues de Almeida
Nobre português, que veio na esquadra de Martim Afonso de Sousa, tornando-se, posteriormente, o Comandante da Capitania de Santo Amaro, ficando responsável por coordenar a construção do Forte São Thiago/Forte São João.
Rua Bartolomeu Fernandes Gonçalves
Foi o Mestre Ferreiro Bartolomeu Fernandes, português que chegou em São Vicente com a esquadra de Martim Afonso de Sousa, em 1532, contratado pela Coroa Portuguesa, por dois anos, para a execução dos serviços e obras de ferro da armada e dos seus integrantes. Prestou valiosos serviços na fundação de Santos e depois se mudou para Piratininga (São Paulo). Lá passou a produzir diversos artefatos de ferro. Montou uma oficina de forja no Jurubatuba, segundo mencionou José de Anchieta, em 1554. Ficou conhecido pela lenda de ter construído um abrigo subterrâneo em Santos, que em 1590, quando já tinha falecido, foi usado pelo seu filho para salvar a população de Santos do ataque do pirata Francis Cook. Teria falecido em 1566.
Rua Henrique Montes
Era o Provedor dos Mantimentos da Armada de Martim Afonso de Sousa. Chegou à São Vicente em 1532.
Rua Francisco Pinto
Cavaleiro fidalgo, um dos mais nobres portugueses que integravam a esquadra de Martim Afonso de Sousa, aportando em São Vicente em 1532.
Rua Francisco Chaves
Casado com uma das filhas do Bacharel Mestre Cosme Fernandes, foi designado por Martim Afonso de Sousa como guia de uma expedição ao Paraguai, para encontrar e trazer os tesouros do povo Inca (01/09/1531). A expedição foi comandada pelo capitão Pero Lobo Pinheiro. Nenhum deles retornou. Foram atacados e mortos por nativos. Martim Afonso de Sousa decide fazer pessoalmente uma nova expedição (26/09/1531). Após naufrágios e perder vários homens, retorna para o litoral de São Paulo.
Rua Duque de Caxias
Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, viveu de 1803 a 1880. Foi um militar brasileiro. No dia 25 de agosto, data de seu nascimento, comemora-se o “Dia do Soldado”. É o patrono do Exército brasileiro. Considerado com um grande herói na pacificação das diversas revoltas que eclodiram no Brasil após a Proclamação da Independência. Destacou-se na Guerra do Paraguai (1864/1870) ao ser nomeado, com 63 anos de idade, para o comando geral das tropas.
Rua General Osório
Manuel Luís Osório, o General Osório, é o patrono da Cavalaria do Exército Brasileiro. Aos 14 anos participou da guerra de independência do Brasil (1822/1823), combatendo as tropas do Exército português na Província Cisplatina. Lutou na Guerra dos Farrapos (1835/1845) e nas campanhas platinas, incluindo a Guerra contra Oribe e Rosas, em 1851. Na Guerra do Paraguai (1864/1870), recebeu o comando do Exército brasileiro, vindo a se destacar como um dos grandes comandantes brasileiros, sobretudo na Batalha de Tuiuti. Com o fim da Guerra do Paraguai, foi eleito Senador pela Província do Rio Grande do Sul e, posteriormente, nomeado Ministro da Guerra. Em 1877, tornou-se Marechal de Exército.
Rua Dr. Rodrigues Alves
Francisco de Paula Rodrigues Alves, graduado pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi Senador e Conselheiro do Império. Governou o Estado de São Paulo de 1887 a 1888, de 1900 a 1902 e de 1912 a 1916. Foi Presidente da República de 1902 a 1906.
Avenida Manoel da Nobrega
Essa via pública é em homenagem ao Padre Manoel da Nóbrega (ou Manuel da Nóbrega), que foi provincial da Companhia de Jesus, cargo de maior hierarquia. Em Bertioga, acompanhou José de Anchieta na pacificação dos Tupinambás, por meio do acordo de Iperoig, permanecendo hospedado no Forte São Thiago (Forte São João) por alguns dias antes da missão. Também esteve presente na armada organizada por Estácio de Sá para expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, sendo responsável pela missa realizada na Capela de São Thiago (dentro do quartel do Forte) e depois benzendo as embarcações que partiriam em direção ao Rio de Janeiro, em 1565.
Sistema de abastecimento de água potável - 1954
Na inauguração do posto médico da Cruz Vermelha, em 1939, o Prefeito de Santos Cyro de Athayde Carneiro disse ter dado ordens para que fossem feitos estudos técnicos especializados para o abastecimento de água potável em Bertioga, pois era esse um problema de grande dificuldade, dada a escassez de mananciais no local.
Entre 1951 e 1953, com recursos do orçamento da Prefeitura de Santos, foi implantada uma rede de distribuição de água que ligava o reservatório da Colônia de Férias do SESC até o Centro de Bertioga, abastecendo parcialmente a Vila. Esse sistema entrou em funcionamento em 1954. Acontece que durante a temporada de férias, o sistema era deficitário, pois somente tinha capacidade para atender o próprio SESC. Esse serviço foi autorizado pela Lei nº 1.565/53, de autoria de Antônio Feliciano, Prefeito de Santos. Nessa mesma lei a Prefeitura de Santos foi autorizada a cobrar pela ligação, religação e fornecimento de água, de acordo com os preços fixados em tabela.
No dia 29 de julho de 1969 o Governador do Estado de São Paulo Abreu Sodré esteve em Bertioga para inaugurar a nova adutora. As obras foram realizadas pelo Governo do Estado. A adutora captava água do Ribeirão das Furnas, onde foi construída uma barragem de 30 metros de comprimento, 1,60 metro de altura e 1,00 metro de largura. A capacidade de captação era de 22 litros por segundo. Os serviços de saneamento passaram a ser executados pela Companhia de Saneamento da Baixada Santista – SBS.
O pequeno obelisco, com cerca de um metro de altura, localizado na Avenida Vicente de Carvalho e em frente a sede da Subprefeitura de Bertioga. Foi instalado em 1969 na visita do Governador Abreu Sodré para a inauguração da nova adutora. Foto do jornal “Cidade de Santos”, do ano de 1969.
No dia 12 de fevereiro de 1971 o Governador Abreu Sodré retorna a Bertioga, para uma vistoria de entrega ou inauguração, sem cerimônia, do reservatório de água localizado na Rua Vasco da Gama (a caixa d’água). É um reservatório elevado de concreto armado com capacidade para armazenar 250 mil litros de água. Com isso, seria possível atender 9.500 pessoas, o triplo da população de Bertioga na época.
Em 1979 houve uma expansão da rede e em 1980 novas obras de ampliação foram realizadas na caixa d’agua da Rua Vasco da Gama. Depois, os serviços de abastecimento de água foram assumidos pela SABESP.
O Governador Abreu Sodré, de óculos e calça branca, em 12/02/1971. Chegou por volta de 10:00 da manhã, de helicóptero, em frente à Escola Vicente de Carvalho (atual Casa da Cultura). Ele ficou menos de uma hora em Bertioga. Foi direto vistoriar o reservatório da Rua Vasco da Gama, partindo dali para o Guarujá para outros compromissos. Dentre os servidores municipais que o receberam, é possível reconhecer Hélcio Gonçalves Cunha, que foi Administrador Regional interino, Diretor de Administração, Presidente do Lions Club, além de marido da Professora Bene.
O Governador Abreu Sodré, de óculos e calça branca, vistoriando o reservatório da Rua Vasco da Gama. Foto de 12/02/1971
O Governador Abreu Sodré vistoriando o reservatório da Rua Vasco da Gama. Foto de 12/02/1971
O serviço de travessia de balsa - 1954
O serviço de travessia de balsas, ligando o Guarujá até Bertioga, foi implantado e inaugurado pelo Governo do Estado de São Paulo em 10 de dezembro de 1954, mas o serviço de lanchas para travessia de passageiros entre Bertioga e Santos ainda permaneceu ativo por muitos anos.
Compareceu à cerimônia de inauguração o próprio Governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez. Ele estava acompanhado da seguinte comitiva: Nilo de Andrade Amaral (Secretário da Viação e Obras Públicas), Plínio Cavalcanti (Secretário de Segurança Pública), Antonio Ponzio Hipólito (Diretor de Obras Sanitárias), Joaquim Alcaide Valls (ex-Prefeito de Santos e Diretor da Divisão de Saneamento Urbano) e Oswaldo Feliciano (ajudante de ordens do Governador).
O Governador foi recebido pelo Prefeito de Santos, Antonio Feliciano, pelo Prefeito do Guarujá, João Torres Leite Soares, e por Gustavo Martini (Presidente da Câmara Municipal de Santos), Adhemar de Figueiredo Lira (Diretor do Fórum de Santos), Dom Idílio José Soares (bispo de Santos), dentre outras autoridades.
Primeiro houve a inauguração de novas embarcações para o sistema Santos/Guarujá, e depois partiu toda a comitiva em diversos carros, pela estrada Guarujá/Bertioga, até chegar na ponte de atracação da balsa. Ali o Governador e a comitiva foram recebidos por Silvio Rodrigues, subprefeito de Bertioga.
Foi cortada uma fita simbólica e inaugurado no terreno onde futuramente seriam os jardins um marco de concreto com uma placa de bronze, constando o nome do Governador e das autoridades que contribuíram para aquela importante realização. O Governador regressou a Capital, mas algumas autoridades do Estado permaneceram para as demais cerimônias. Foi servido no Hotel Umuarama um coquetel de boas-vindas. Na sequência, houve um grande almoço no SESC, onde foram realizados vários discursos de agradecimento ao Governo, tal como fez o deputado estadual Luiz Roberto Vidigal.
Jornal “O Estado de São Paulo” – Foto do dia de inauguração do sistema de travessia entre Guarujá e Bertioga – 10/12/1954
Grandes mudanças estavam por vir. Em mais de quatrocentos anos de história, pela primeira vez a Vila estava se conectando com as cidades vizinhas.
A balsa foi instalada à poucos metros da “venda” de João Sabino Abdalla, o que também contribuiu para os negócios dele e dos demais comerciantes, diante do grande número de veículos e pessoas circulando pelo centro da cidade.
A primeira casa de comércio de materiais de construção - 1955
A “Mazzoni e Cia Ltda” foi fundada em 30 de dezembro de 1955 por Coriolano Mazzoni. Era a primeira loja de materiais de construção de Bertioga, instalada na Avenida Vicente de Carvalho, nº 28, na antiga casa ocupada por João Cesário Bichir e depois por João Sabino Abdalla.
A empresa era administrada pelo filho de Coriolano Mazzoni, Licurgo Mazzoni e contou com diversos funcionários, que trabalhavam com todos os tipos de materiais de construção civil, tal como areia, pedra, equipamentos de elétrica e hidráulica, além de ferramentas.
Essa casa de materiais de construção era popularmente conhecida apenas como “Mazzoni”, mas em 19 de maio de 1983 recebe oficialmente a denominação de Casa de Ferragens Viga Mestra Ltda, tendo como sócios Licurgo Mazzoni e seu filho Fábio Mazzoni.
A loja se tornou referência na cidade por décadas, responsável pelo fornecimento de todos os materiais de construção empregados nas obras particulares até o final da década de 1980.
Em 1992 Fábio Mazzoni assume a administração da Viga Mestra.
A Mazzoni e Cia Ltda (Viga-Mestra) à esquerda, em fase de ser inaugurada, e a “venda” de João Sabino Abdalla à direita – Foto de 1951.
A Viga-Mestra, em foto de 1985. De camisa vermelha, na frente da loja, está Licurgo Mazzoni.