Maré Vermelha - 1983
No final de agosto de 1983 houve um florescimento de algas no Canal de Bertioga, propagando-se para as praias do litoral norte (Bertioga, São Lourenço, Itaguaré, Guaratuba, Ilha das Couves, Juqueí e Maresias).
Esse fenômeno provocou uma grande mortandade de peixes. Muitos eram encontrados mortos nas areias das praias de Bertioga. Havia quem os levasse para consumo. Os médicos tinham uma grande preocupação com a ingestão desses animais, pois a toxina presente nas algas causa problemas graves para a saúde humana. As autoridades por vários dias discutiram a suspensão do comércio e até da pesca de peixes na região.


Maré vermelha: mancha marrom-avermelhada e peixes mortos na praia
Segundo o “Uol Educação” a “maré vermelha” é um fenômeno natural que provoca manchas de coloração escura na água do mar. As manchas são causadas pelo crescimento excessivo de algas microscópicas presentes no plâncton marinho, num processo chamado de floração. Dependendo da espécie de alga, a mancha pode adquirir coloração vermelha, marrom, laranja, roxa ou amarela. Como nem sempre a água fica vermelha, o termo “maré vermelha” é conhecido cientificamente como “floração de algas nocivas”. O aumento nos níveis de nutrientes dissolvidos na água do mar, aliado a condições ideais de temperatura, salinidade e luminosidade, permite que as algas elevem sua velocidade de reprodução, resultando em uma explosão populacional de algas. Elas provocam a obstrução das brânquias dos peixes, diminuição de oxigênio na água e perigosas toxinas, levando a uma morte generalizada de espécies em grande escala. As toxinas produzidas por essas algas atuam no sistema nervoso, provocando sua paralização, inclusive em humanos que se alimentam de espécies contaminados.
O florescimento dessas algas é comum no litoral brasileiro, especialmente nas costas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A primeira ocorrência desse fenômeno foi registrada em 1914, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. É raro, mas já houve registro de algumas ocorrências pelo litoral brasileiro, assim como no exterior.
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, pediu a suspensão, por cinco a sete dias, do consumo de qualquer tipo de marisco (vivo ou morto) e dos peixes que surjam mortos na faixa litorânea compreendida entre Bertioga e São Sebastião. Havia uma grande concentração de algas microscópicas de quatro gêneros de dinoflagelados. Elas matam os peixes, mas não os moluscos que, entretanto, ao filtrar a água do mar, mantém ali algumas toxinas, que se ingeridas por humanos podem causar sérias complicações à saúde. E a CETESB recomendou também a suspensão da pesca, na área de incidência da “maré vermelha”.
A “mancha” estava localizada a 800 metros da praia, tinha 250 metros de diâmetro e apresentava cor marrom-avermelhada. As praias de Bertioga não chegaram a ser interditadas aos banhistas. Houve registro de pessoas contaminadas, mas nenhuma vítima fatal.
Em 29 de agosto de 1983 houve a suspensão da pesca em todo o litoral do Estado de São Paulo, por determinação da SUDEPE. Os peixes nos mercados podiam ser comercializados pois vinham de outra região, mas os moluscos tiveram o comércio proibido. Ficou a cargo da Polícia Florestal providenciar a apreensão de pescados e autuação dos infratores pelo descumprimento. Em uma das operações no Indaiá, apreendeu mais de 400 quilos de pescados. A pesca foi liberada na semana seguinte.

Capa do Jornal “A Tribuna de Santos”, em 30/08/1983
Os efeitos da “maré vermelha” foram observados especialmente no comércio, com a retração da freguesia e uma preocupação generalizada da população e dos turistas quanto a contaminação dos pescados. Prejudicou a venda de peixes e moluscos “in natura” e o atendimento nos restaurantes especializados em “frutos do mar”, mesmo várias semanas depois.