A restauração do Forte São João – 1942

No início da década de 1920, o Forte São João estava em ruínas, assim como descreveu Euclides da Cunha e, mais tarde, Mário de Andrade. O terrapleno, sua principal estrutura, estava de pé, mas o quartel tinha condições precárias, especialmente o telhado e algumas paredes, que tinham desmoronado. A tenalha (muro de pedras no entorno do quartel) estava parcialmente destruída e muitas pedras foram retiradas dela e usadas pelos moradores como alicerce para suas casas.

Tinha muita vegetação cobrindo o terrapleno e a cortina quase desapareceu. A principal joia de Bertioga tinha o iminente risco de desaparecer, desmoronar, e ser levada pelos efeitos das marés, assim como aconteceu com a Capela de São João Batista. Sem os cuidados de conservação, o forte poderia estar numa situação semelhante a Ermida de Santo Antônio do Guaíbe ou do Forte São Luís, ou seja, em ruínas.

 

Forte São João, na década de 1930. Foto arquivada no Museu Paulista (Universidade de São Paulo), que detém seus direitos autorais. Foi cedida oficialmente e autorizada sua reprodução exclusiva para “História de Bertioga”, de Jamilson Lisboa Sabino.

Diante desse cenário, em 1941 foi iniciada a restauração do Forte São João pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ficou responsável pela obra o arquiteto Luís Saia, que viria a se tornar um dos fundadores do IPHAN e respeitado professor e pesquisador sobre patrimônio histórico-cultural. A reforma foi concluída no ano de 1942.

Segundo consta, a principal finalidade dessa reforma foi colocar na posição original parte da cortina que estava desaprumada desde a ressaca de 1769, mas também foram executadas importantes obras de restauro do prédio do quartel (Museu João Ramalho).

A restauração do Forte São João em 1942 foi uma das ações do Poder Público mais importantes para a história de Bertioga. Entregar para a população o terrapleno e o quartel recuperados, muito próximo aos projetos originais, contribuiu para a preservação da identidade de Bertioga e promoção turística da Vila.

 

Foto de 1941/1942 – Restauração promovida pelo IPHAN

 

Restauração do Forte São João. Essas são as paredes do quartel (museu). O telhado foi trocado e algumas paredes refeitas. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

 

Eram dramáticas as condições em que se encontrava o quartel (Museu João Ramalho). Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

 

A cortina caiada do Forte São João, na parte onde abriu a fenda após o maremoto de 1769. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

 

A cortina caiada com cal de marisco do Forte São João, nas obras de recuperação. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

 

A cortina caiada do Forte São João, ainda sem a aplicação da pintura branca. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

 

O Forte São João, após conclusão das obras de restauração. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1941/1942.

 

A antiga entrada principal, amplamente reformada e o quartel (Museu João Ramalho), também já com as obras externas de restauração concluídas. Foto do IPHAN. Autoria: Luís Saia. Ano: 1942.