Ambulatório da Sociedade Amigos de Bertioga - 1938

Antes da instalação do ambulatório da Cruz Vermelha, em 1939, a Sociedade Amigos de Bertioga tomou a iniciativa de manter um posto de atendimento médico em uma casa localizada próxima ao Forte São João. Foi notícia no Jornal “O Estado de São Paulo”, no dia 04 de janeiro de 1938, a reunião promovida no dia anterior pela Sociedade Amigos de Bertioga que inaugurava os serviços de assistência social e de culto aos monumentos históricos daquela praia e arredores.

Segundo Poliantéia de Bertioga, o ambulatório da Sociedade Amigos de Bertioga foi instalado na casa que pertencia a Gabriel Fernandes Garcez, construída em 1871, por seu sogro. A casa foi cedida por Gabriel Fernandes Garcez para que ali fosse instalado provisoriamente um “Posto Médico Farmacêutico e Ambulatório do Estado”.

Foi o Dr. Othon Feliciano da Silva o responsável pelo atendimento médico de 33 moradores, entre crianças e adultos, identificando a malária como principal doença. O Dr. Othon Feliciano realizava atendimentos semanais e há registros que desde 1937, um ano antes da inauguração oficial, já fazia atendimentos no local.

Othon Feliciano da Silva, nascido em 1888, em Paraibuna, consagrado médico sanitarista, um dos fundadores da “Gota de Leite”, foi seu presidente, além de Chefe do Centro de Saúde de Santos por muitos anos. Sempre esteve à frente de campanhas voltadas a distribuição de leites às crianças, serviços de ambulatório e serviços hospitalares.

No dia da inauguração, 03 de janeiro de 1938, a diretoria da entidade e as autoridades de Santos colocaram à disposição dos seus convidados lanchas especiais e um rebocador. Partiram do Armazém, em frente ao prédio da Alfândega, em Santos, às oito horas da manhã, em direção à Bertioga.

Entre as pessoas presentes figuravam Dom Paulo de Tarso Campos (bispo de Santos), Dr. João Silva Almeida (inspetor da Alfândega), Henrique Soler (guarda-mor) e Pollux de Barros Fontes (ajudante de guarda-mor), Julio Cesar de Toledo Muirat (subinspetor da Polícia Marítima), o Professor Delphino Stockler de Lima (inspetor do ensino municipal e que estava ali representando oficialmente o Prefeito de Santos).

Foi celebrada uma missa campal por Dom Paulo de Tarso Campos ao lado do Forte São João. Grande número de moradores do local e de romeiros vindos de São Paulo, Santos e Cubatão assistiram ao ato religioso. Colaboraram na cerimônia o padre Alfredo Sampaio e no coral o padre Carneiro Leão.

Em seguida, foi realizada uma sessão cívica explicando a história do Forte São João. Estavam presentes a viúva de Vicente de Carvalho (Ermelinda Ferreira de Mesquita) e Gabriel Fernandes Garcez (com 91 anos, era o morador mais antigo da cidade).

Durante a reunião, falou o médico Francisco Quartim Barbosa, presidente da Sociedade Amigos de Bertioga, referindo-se a ampla significação do ato e apelando para as autoridades presentes, pedindo-lhes colaboração para colocar em prática os objetivos da entidade.

Na sequência, falou o Dr. José D’Avila, vice-presidente da associação, que se referiu a história da linda praia paulista, história que toda se desenvolveu em torno dos seus fortes, construídos nos primórdios dos tempos coloniais para repelir os ataques dos Tamoios e Tupinambás.

Por último, discursou o bispo de Santos, que louvou a obra da Sociedade Amigos de Bertioga.

A todos foi oferecido um almoço na vivenda de Bertha e Germano Besser (Pensão Bertioga), além de vários passeios pelos recantos locais. A banda musical de Cubatão esteve presente na solenidade.

Segundo Fernando Martins Lichti, em “Poliantéia de Bertioga”, o Dr. Othon Feliciano está à esquerda da imagem com o grupo de pacientes atendidos na inauguração do ambulatório, na casa de Gabriel Fernandes Garcez, em 1937. Porém, ousamos apenas fazer uma correção: o Dr. Othon Feliciano está à direita da imagem, é o mais alto de chapéu. O Dr. Othon Feliciano é um dos maiores médicos da história de Santos e se aposentou em 1959.

 

Dr. Othon Feliciano da Silva. Foto da Revista Estrela Azul, em publicação do ano de 1945.