José Pinto Florêncio de Campos

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JOSÉ PINTO FLORÊNCIO DE CAMPOS

A história da família Campos em Bertioga remonta à primeira metade do século XIX, tendo como patriarca José Pinto Florêncio de Campos, que viveu por volta dos anos de 1820 a 1850. Naquele tempo, só se chegava a Bertioga por meio de embarcações a remo ou a vela. Não existia água encanada, energia elétrica, jornal, rádio, televisão, internet, fotografia, mas nem por isso algumas famílias deixavam de viver confortavelmente.  A Vila de Bertioga teve casas de alvenaria ocupadas pela família Campos, que depois foram vendidas, reformadas, entraram em ruínas ou foram demolidas. O tempo esqueceu a localização exata.

Casado com Thereza de Jesus, falecida em 1891, destacou-se como um importante proprietário de terras na região e figura de prestígio, lembrado como um dos moradores mais antigos e tradicionais de Bertioga.

Há relatos dos familiares que José Pinto Florêncio de Campos e Thereza de Jesus eram portugueses, possivelmente da Ilha da Madeira. Logo após a vinda da família real ao Brasil, em 1808, e a Proclamação da Independência, em 1822, muitos ricos e nobres portugueses migraram para o Brasil.

José Pinto Florêncio de Campos e Thereza de Jesus tiveram um filho, com o mesmo nome do pai: José Pinto Florêncio de Campos (1820/1840-1888).

Após o falecimento de José Pinto Florêncio de Campos, a viúva Thereza de Jesus casou-se em segundas núpcias com Manoel do Espírito Santo Guimarães, que foi Comandante do Forte São João (título honorífico), além de proprietário de terras e homem influente na vida política e comunitária. Ele faleceu em 1892. Dessa união nasceram:

a) Brasília de Jesus Guimarães, que se casou com Gabriel Fernandes Garcez;

b) Proêncio Phelipe Guimarães dos Santos;

c) Pedro Vicente Guimarães dos Santos, que foi pai adotivo de João Basílio dos Santos, também lembrado como morador importante de Bertioga.

Entre os filhos de Thereza de Jesus com o patriarca José Pinto Florêncio de Campos, destacou-se outro José Pinto Florêncio de Campos, nascido por volta de 1820 ou 1840 e falecido em 1888. Casou-se com Margarida Theodora de Campos (também mencionada como Margarida Theodora das Dores), com quem constituiu uma grande família. Os filhos desse casal foram:

a) Laurinda Theodora de Campos (1864-1927), que faleceu solteira aos 64 anos;

b) João Pinto Florêncio de Campos (1865-1900), que faleceu solteiro aos 35 anos;

c) José Pinto Florêncio de Campos (Neto) (1866-1912), casado em primeira núpcias com Ilidia Maria Pinto Florêncio de Campos (Ilidia Maria da Conceição), falecida em 1906, pais de Nestor Pinto Florêncio de Campos, José Pinto Florêncio de Campos (Bisneto), Dalila Pinto de Campos e Alberto Pinto Florêncio de Campos, além de, em 1909, se casar em segunda núpcias com Cedaliza de Oliveira, com quem teve uma filha chamada Adalgiza Pinto de Campos;

d) Maria Theodora de Campos (1866-1928), que se casou com Benedicto José Pereira, pais de Luiz Pereira de Campos, Moacyr Pereira de Campos e Araken Pereira de Campos, fundadores do Bertioga Futebol Clube, além de Laércio Pereira de Campos, Lindormira de Campos, Pedro Pereira Campos e Ary Pereira de Campos;

e) Maria do Carmo de Campos Tavares, falecida em 1924, se casou primeiro com Manoel Ribeiro do Amaral, sem deixar filhos e, em segundas núpcias, com Joaquim Tavares (1837-1929), com que teve o filho Aristeu Tavares (1903-1939);

f) Valdomira de Campos, que se casou com Norberto Luiz e tiveram como filhos Norberto Luiz Junior, Nicéa de Campos Luiz, Nelson Luiz e Noemia Valdomira Luiz;

g) Manoel José Pinto, filho de uma relação extraconjugal com Benedicta (mulher negra escravizada), ele recebeu como indenização/herança de sua madrasta, Margarida Theodora de Campos, uma gleba onde Manoel José Pinto constituiu a família Pinto de São Lourenço, posteriormente loteando as terras, transformando-se no atual bairro de São Lourenço.

Essa geração consolidou o patrimônio familiar e fortaleceu suas alianças com outros ramos de famílias tradicionais de Bertioga.

José Pinto Florêncio de Campos (Filho), casado com Margarida Theodora, aparece em registros oficiais como figura de relevância comunitária. Em 1866, contraiu matrimônio com Margarida, em publicação de 1867 é mencionado como Inspetor de Quarteirão na Enseada de Bertioga. Essa função, criada no Brasil pós-independência, era exercida de forma voluntária e não remunerada, cabendo ao inspetor de quarteirão garantir a ordem local, resolver conflitos entre vizinhos, entregar intimações, realizar pequenas investigações e efetuar prisões em flagrante, atuando como elo entre a comunidade e as autoridades policiais.

Além disso, em 1887, o Indicador Santista cita José Pinto Florêncio de Campos (Filho) entre os quatro únicos eleitores de Bertioga, ao lado de Manoel do Espírito Santo Guimarães, Joaquim Antonio de Mattos Junior e Sergio Belmiro de Andrade, todos homens ricos, negociantes e grandes proprietários de terras. Nessa época vigorava no Brasil o sistema de voto censitário, no qual somente os cidadãos que atendessem certos critérios econômicos podiam votar. Segundo a Constituição Federal de 1824 apenas homens livres, maiores de 25 anos e renda anual de mais de 100 mil réis podiam votar nas eleições primárias, onde eram escolhidos aqueles que votariam nos deputados e senadores (eleição indireta). O exercício dessas funções e o direito de voto confirmam sua posição de liderança e prestígio na sociedade local.

José Pinto Florêncio de Campos (Filho), assim como todos os homens ricos da época, foi dono de pessoas negras escravizadas. Segundo o historiador José Costa e Silva Sobrinho, no livro “Santos noutros tempos”, José Pinto Florêncio de Campos (Filho) destaca-se por ter tomado a iniciativa de em 27 de fevereiro de 1888, com o incentivo da “Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro”, libertar sua última escravizada, uma mulher negra chamada Brandina, de 39 anos. O gesto demonstrava a adesão pessoal de José Pinto Florêncio de Campos (Filho) à abolição da escravatura em Santos, mesmo antes da assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, pela Princesa Isabel. A Sociedade Emancipadora 27 de Fevereiro foi fundada em Santos, em 14 de março de 1886, sob a liderança do major Joaquim Xavier Pinheiro, com a finalidade exclusiva de libertar todos os escravizados que ainda existissem em Santos.

José Pinto Florêncio de Campos (Filho) faleceu em 1888, deixando Margarida como viúva meeira e uma numerosa descendência.

Segundo Robson Campos, o seu tataravô José Pinto Florêncio de Campos (Filho) adquiriu em 1865 e 1878, por contrato de compra e venda, os sítios Itaguaré, Guaratuba e São Lourenço. Também era proprietário de grandes áreas na Vila de Bertioga (atual centro) e na Enseada (atual Indaiá). Após sua morte, a viúva Margarida Theodora de Campos repassou o sítio São Lourenço para Manoel José Pinto. E após a morte de Margarida, as demais terras foram herdadas pelas filhas Laurinda, Maria Theodora, Maria do Carmo e Valdomira.

Por testamento, as terras da Vila de Bertioga foram herdadas por Maria do Carmo, que se casou em segunda núpcias com Joaquim Tavares (que havia adquirido a outra parte da Vila de Bertioga da Irmandade Carmelita Fluminense), reunindo, nas décadas de 1920/1930, em um único patrimônio, quase toda a Vila de Bertioga, que denominaram de loteamento Vila Carmen.

Além disso, após a morte de Thereza de Jesus, casada em primeiras núpcias com José Pinto Florêncio de Campos (Pai) e em segundas núpcias com Manoel do Espírito Santo Guimarães, as irmãs de José Pinto Florêncio de Campos (Filho) herdaram muitas terras em Bertioga, em especial onde hoje está implantado o loteamento Riviera de São Lourenço.

Assim, três gerações sucessivas de homens chamados José Pinto Florêncio de Campos marcaram profundamente a história de Bertioga. O patriarca, ativo na primeira metade do século XIX, estabeleceu as bases da família como grande proprietária de terras. O filho, atuante até 1888, consolidou o patrimônio, formou alianças familiares e exerceu funções de liderança comunitária e política. O neto, falecido em 1912, transmitiu essa herança a Nestor, nascido em 1893, que viria a se destacar no século XX como um dos primeiros comerciantes da Vila de Bertioga. A repetição do mesmo nome ao longo dessas três gerações não apenas preserva a memória familiar, mas simboliza a continuidade de uma linhagem que uniu tradição, poder econômico e influência social, deixando marcas indeléveis na história de Bertioga.

Informações obtidas através das seguintes fontes:

Nilza Pinto (filha de Nestor), in memoriam

Robson Campos (bisneto de Adalberto)

Elizabete Bittencourt Abdalla

Cartório de Registro Civil de Santos (1º subdistrito)

Cartório de Registro Civil de Bertioga

Fórum de Santos

Hemeroteca da Prefeitura de Santos

Biblioteca Nacional

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

José Costa e Silva Sobrinho, em “Santos noutros tempos”

Jornal A Tribuna de Santos

Jornal Costa Norte

Jornal O Estado de São Paulo

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