Vicente de Carvalho em Bertioga - 1917

Vicente de Carvalho nasceu em Santos em 1866. Jornalista, deputado, juiz, mas é lembrado principalmente como poeta. Por alguns considerado como o maior poeta lírico do país. O “poeta do mar”, pois em muitos de seus versos estava presente a referência ao mar. Viveu em Bertioga de 1917 até 1923 com alguns de seus familiares, em um sítio que por ele foi denominado de “sítio Yndayá”, que daria nome mais a tarde ao bairro do Indaiá. Vicente de Carvalho era opositor ao Governo de Floriano Peixoto, e no final do século XIX, em 1892, se afastou da vida política e para não ser preso, ficou em um exilio silencioso. Escolheu ficar em locais afastados do litoral, foi quando conheceu Bertioga e teve a ideia de ali, um dia, construir uma casa. Seu exílio político durou poucos meses. Vicente de Carvalho logo torna-se fazendeiro em Franca, mas o negócio com café não deu certo e retorna para Santos. Em 1908 é nomeado Juiz de Direito e em 1914 Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Ao se aposentar, escolhe Bertioga para passar os últimos anos de sua vida. Realiza seu antigo sonho e constrói uma casa em Bertioga, mudando-se para o Indaiá em 1917. Empregando nela técnicas de arquitetura semelhantes às usadas em Santa Catarina, era uma casa toda de madeira, duplamente forrada, com venezianas nas janelas, com fogão à lenha no centro da cozinha, cinco dormitórios, água encanada na cozinha e no banheiro, algo raro na época, além da enorme varanda. Ali Vicente de Carvalho recebia, com muita frequência, Washington Luís, Benedito Calixto e Martins Fontes. Vicente de Carvalho circulava entre os moradores antigos da Vila de Bertioga, uma vez ou outra, pois a distância do Indaiá era grande e naquela época não tinha carro em Bertioga. Francisco Martins dos Santos escreveu em 1947 sobre algo que ele ouviu falar, que teria ocorrido possivelmente por volta dos anos 1921/1922. Disse que Vicente de Carvalho gostava de “saborear caldeiradas de garoupa“ na “velha venda do Tavares”, que depois deu lugar a venda do Faninho, em frente a ponte de atracação. A venda do Tavares era um armazém, precário, para depósito dos alimentos destinados à subsistência das famílias dos pescadores empregados por Joaquim Tavares, e que logo foi abandonado, dando depois lugar aos negócios de Epiphânio Batista (Faninho). A casa de Vicente de Carvalho foi vendida em 1923 para o empresário José Ermírio de Moraes, que tinha a intenção de nessa casa instalar uma biblioteca em homenagem ao poeta, como foi prometido a sua viúva, Ermelinda Ferreira de Mesquita. O poeta teve dezesseis filhos. Vicente de Carvalho faleceu em Santos, em 1924.

Vicente de Carvalho e sua esposa Ermelinda.

Casa de Vicente de Carvalho, no Indaiá, em Bertioga – Tela de Benedito Calixto

Casa de Vicente de Carvalho, no Indaiá, em Bertioga – Tela de Benedito Calixto

Vicente de Carvalho, na varanda da casa, com familiares e amigos – Indaiá – 1922

Vicente de Carvalho, na varanda da casa, com familiares e amigos – Indaiá – 1922

Em destaque, a mesma foto acima, Vicente de Carvalho.