Batalhão Alfredo Ellis - 1893

Era o dia 23 de setembro de 1893 quando o histórico “Batalhão Alfredo Ellis” esteve em Bertioga, fazendo exercício de fogo com embarcações, na Barra de Bertioga. Isso foi notícia no Jornal do Brasil, que tinha nessa época como Chefe de Redação Ruy Barbosa.
 

Para entender a presença desse grupo armado em Bertioga, é preciso contextualizar a crise política pelo qual passava o governo federal nessa época.

Em 3 de novembro de 1891, o Presidente Marechal Deodoro da Fonseca aplica um golpe e determina a dissolução do Congresso Nacional. O Congresso tinha acabado de aprovar uma lei que instituía o impeachment, e isso deixou Deodoro revoltado. Embora eleito indiretamente por esse mesmo Congresso, o governo passava por uma tensão política, agravada pela crise econômica. Deodoro construiu uma brilhante carreira militar com a Guerra do Paraguai, mas não soube conduzir a gestão político-administrativa da República que ele mesmo proclamou. A dissolução do Congresso Nacional provocou diversas movimentações políticas em desfavor de Deodoro. Grupos armados organizaram-se no país contra ele. No Estado de São Paulo destacou a atuação do médico e político Alfredo Ellis, influente deputado federal que reunindo-se na capital paulista com Bernardino de Campos, Prudente de Moraes e Campos Salles, planejaram um movimento armado decisivo contra o Governador do Estado, Américo Brasiliense, que se mantinha aliado ao Presidente Deodoro da Fonseca.

Houve também uma revolta armada no Rio de Janeiro, liderada por Floriano Peixoto, Vice-Presidente da República. O Almirante Custódio de Melo exigiu a renúncia de Deodoro da Fonseca, caso contrário bombardearia o Rio de Janeiro. Deodoro não andava bem de saúde. Renunciou e dias depois foi a vez do Governador de São Paulo Américo Brasiliense.

Pela iniciativa de Alfredo Ellis em promover um motim contra o Governador de São Paulo, e pela sua coragem em liderar o movimento, foi em sua homenagem nomeada uma das forças militares de “Batalhão Alfredo Ellis”. Vitorioso, o batalhão permaneceu por vários anos resguardando o governo constitucional.

Recebeu a missão do Governador do Estado de manter a ordem durante a Revolta da Armada de 6 de Setembro de 1893, um levante da Marinha brasileira, apoiado supostamente pela oposição monarquista, que, insatisfeita com a recém-proclamada República, exigia a renúncia do Presidente Floriano Peixoto. O Governador do Estado, Bernardino de Campos, determinou que o Batalhão Alfredo Ellis viesse socorrer Santos, que estava na iminência de ser atacada pelo encouraçado “República”, tomado pelos militares da Marinha.

Em 19 de setembro de 1893 houve o conflito. O Batalhão Alfredo Ellis e outros militares trocaram fogo contra os revolucionários. A população fugiu para o alto do Monte Serrat ou para a estação de trem do Valongo, em direção à São Paulo. O Batalhão Alfredo Ellis venceu, ficando por alguns dias na região para proteger o Porto de Santos. A Barra de Bertioga era usada nos exercícios militares do Batalhão Alfredo Ellis.

Para Adler Homero Fonseca de Castro, em sua obra “Muralhas de Pedra, Canhões de Bronze e Homens de Ferro”, e segundo publicação do Jornal “O Estado de São Paulo”, durante a Revolta da Armada foi instalada uma metralhadora no Forte São João pela Força Pública de São Paulo.